Judiação
Tamanduá que “abraçou” cozinheira morre atropelado
Morador tentou conseguir ajuda em dois telefones pra salvar o bichinho, mas ninguém atendeu
Juvan Neto [editores@diarinho.com.br]
Um triste caso de negligência resultou na morte de um exemplar de espécie que, além de simpática, é ameaçada de extinção. O tamanduá que no início da semana apareceu nas redes sociais sendo acolhido por uma servidora pública dentro do pátio de uma escola da rede de ensino local, acabou morrendo atropelado nas proximidades dessa mesma escola no bairro São Cristóvão, em Barra Velha.
A informação foi repassada ao DIARINHO por um morador da cidade, que pediu para não ter o nome divulgado, mas que acompanhou toda a situação e denuncia que solicitou ao poder público o recolhimento do animal, mas sem retorno.
De acordo com ele, na terça-feira a cozinheira da escola se deparou com o tamanduá percorrendo o gramado. Ela brincou com o bicho, chamou e tentou pegar o seu rabo. Com jeitão de poucos amigos, no entanto, ele correu, momento em que ela quase toca nele. O bichinho se levantou e, simpático, esboçou a vontade de dar uma espécie de “abraço” na servidora pública. Segundos depois, seguiu o seu caminho.
A equipe da escola, no dia seguinte, segundo esse morador, tentou por duas vezes acionar socorristas que pudessem recolher o animal e devolvê-lo à vida silvestre. O Corpo de Bombeiros Militares da cidade e também a Fundação do Meio Ambiente de Barra Velha (Fundema) teriam sido contatados.
O que deixou o morador indignado foi a burocracia. Segundo ele, foi testemunha de um “empurra-empurra” dos órgãos públicos – bombeiros e Fundema teriam um jogado a atribuiação para o outro. No dia seguinte, o animal apareceu morto na mesma via da escola, a rua José Raimundo Ramos, no São Cristóvão, após ser atropelado.
O morador ficou indignado com o que chama de negligência que fez com que mais uma vida animal fosse perdida por conta de setores que não assumem suas responsabilidades. O DIARINHO não teve retorno dos bombeiros.
Kelly Paloco, gestora do Corpo Voluntários de Barra Velha, frisou que a corporação atende solicitações de recolhimento, mas não foi chamada neste caso. Ela diz que os bombeiros voluntários se empenham “da melhor forma” para o bichinho voltar à vida silvestre, e em muitos casos, têm até mesmo apoio e parceria da Polícia Militar Ambiental (PMA).
Fundema vai investigar
Kaiann Barentin, presidente da Fundação do Meio Ambiente (Fundema), explicou que solicitações do gênero precisam passar primeiro pela Ouvidoria da Prefeitura. Segundo Barentin, é necessário entrar no site e registrar o pedido, em seguida repassado para a Fundema. Isso, segundo Kaiann, é uma determinação do município. “A controladoria quer ter os dados, o controle e o rasteio das solicitações”, alega.
O presidente da Fundação, entretanto, diz que quando é um caso emergencial, se o morador liga na própria Fundema eles pedem o registro na ouvidoria e aí é acionado o resgate. “A prefeitura mantém contrato com o Grupo de Operação e Resgate (GOR) e animais feridos são recolhidos por eles”. Kaiann assegura que vai apurar as informações.