Os assassinos da vereadora carioca Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes foram condenados nesta quarta-feira, após seis anos e sete meses do crime que chocou o Brasil. Ronnie Lessa e Élcio Queiroz foram julgados pelo 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro.

Ambos são ex-policiais militares. Lessa foi o autor dos disparos, e Queiroz conduzia o Cobalt utilizado na noite de 14 de março de 2018. Eles foram sentenciados a pagar R$ 706 mil em indenizações para cada um dos parentes diretos das vítimas.

A dupla foi enquadrada por duplo homicídio triplamente qualificado, com agravantes de motivo torpe, emboscada e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas. Eles também foram condenados pela tentativa de assassinato contra Fernanda Chaves, assessora de Marielle, que sobreviveu ao ataque. Os bandidos também foram penalizados por receptação de carro clonado.

Ronnie Lessa recebeu uma pena de 78 anos, enquanto Élcio Queiroz cumprirá 59 anos de prisão. A previsão é que ambos não passem tanto tempo encarcerados devido a um acordo de delação premiada. Com isso, Queiroz deve ficar preso no máximo por 12 anos em regime fechado, e Lessa por 18 anos em regime fechado, com mais dois anos em regime semiaberto.

Durante a leitura da sentença, a juíza Lúcia Glioche ressaltou o sofrimento dos familiares de Anderson e Marielle ao longo dos anos de espera. "A Justiça por vezes é lenta, é cega, é burra, é injusta, é errada, é torta, mas ela chega. A Justiça chega para aqueles que, como os acusados, acham que jamais serão atingidos [...] Talvez Justiça fosse que o dia de hoje jamais tivesse ocorrido, talvez Justiça fosse Anderson e Marielle vivos", declarou.

Crime chocou o mundo

O atentado contra a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes chocou o Brasil pela brutalidade e ganhou repercussão internacional. O crime foi na noite de 14 de março de 2018, quando o carro em que estavam foi emboscado por Lessa e Queiroz.

Marielle foi atingida por quatro tiros na cabeça, e Anderson por três disparos nas costas. Fernanda Chaves, assessora da vereadora e que estava no banco traseiro, foi atingida por estilhaços. Segundo o promotor de justiça Eduardo Martins, pelo menos 14 tiros foram disparados contra o veículo de Marielle.

Um ano após o crime, Ronnie Lessa e Élcio Queiroz foram identificados como executores e presos. Com a delação premiada, revelaram os nomes dos mandantes: os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, que se tornaram réus em junho deste ano.