Segundo o governo, as forças policiais deram “pronta-resposta” aos atos de vandalismo, desmobilizando as ações criminosas. Os ataques foram marcados por carros incendiados e barricadas em avenidas da capital e na BR 101, no trecho entre Palhoça, São José e Tijucas. Os bloqueios, que chegaram a 18 pontos, foram retirados ainda na noite de sábado, com o trânsito na 101 fluindo normal neste domingo.
Conforme o governador, as equipes de inteligência da segurança pública seguem monitorando a situação. Ele informou que o estopim para os ataques foi uma “ocorrência isolada” na comunidade Papaquara, no norte da capital, ainda na noite de sexta-feira. Na ocasião, um homem de 49 anos foi baleado em tiroteio entre as facções rivais PCC, de São Paulo e o PGC, de Santa Catarina.
O caso mobilizou uma operação policial contra o conflito, gerando uma reação dos criminosos. Houve perseguição e confronto, com um suspeito morto e cinco homens detidos inicialmente pela Polícia Militar. No sábado, os ataques com queima de carros, pneus e entulhos teriam como objetivo tirar a atenção da polícia sobre a comunidade, onde o policiamento foi reforçado.
“Tudo começou com essa ocorrência no norte da Ilha e a PM, tendo a informação, foi até o local onde efetuou prisões e apreensões. Um criminoso foi alvejado e morto ao reagir e tivemos 13 prisões por conta desses atos de vandalismo aqui na Grande Florianópolis. Rapidamente reforçamos o número de agentes nas ruas da PM, Polícia Civil e Bombeiros”, disse o governador.
A Polícia Militar, junto com as demais forças policiais e de segurança do estado, desmobilizou vários bloqueios e atos de vandalismo em ruas. Foram 21 focos de incêndio na capital, São José, Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz, Biguaçu e Tijucas. Na BR 101, em Tijucas, foram três carros incendiados, gerando filas de 21 quilômetros no sentido sul. As faixas foram liberadas por volta das 17h30, após a limpeza das pistas.
Confrontos e prisões
Os ataques criminosos iniciaram depois que guarnições do 21º Batalhão de Polícia Militar receberam informações de que vários homens encapuzados e fortemente armados estavam no interior da comunidade do Papaquara, no bairro Vargem Grande, no norte de Florianópolis. No local, os criminosos estariam fazendo disparos de arma de fogo.
A polícia informou que guarnições se mobilizaram. “Entretanto, os criminosos se evadiram antes da chegada das guarnições, utilizando alguns veículos que foram queimados próximo ao Morro do Mosquito, sendo deixados para trás diversos objetos utilizados no crime”, relatou.
Ainda segundo a PM, foi constatado que outros veículos estavam transitando nas redondezas para apoiar a fuga dos autores da invasão à comunidade do Papaquara.
Um homem que estava dirigindo o seu veículo próximo ao Morro do Mosquito foi baleado pelos criminosos com dois disparos, após ter o carro roubado para ser utilizado na fuga. Na sequência, ocorreu mais um confronto na localidade Chico Mendes, onde um segundo suspeito foi baleado. Já na região central de Florianópolis houve um terceiro confronto, com outro homem alvejado, que está no hospital.
“As ocorrências foram registradas por guarnições distintas, visto que as ações criminosas aconteceram em um lapso temporal curto e em locais distintos. As operações realizadas resultaram na prisão de 18 suspeitos, na morte de um homem, e dois feridos. Também foram apreendidos cinco pistolas, drogas, veículos, celulares, rádios comunicadores e munições”, informou o governo do estado.
Guerra de facções PCC e PGC
Segundo o delegado-geral de Polícia Civil, Ulisses Gabriel, os ataques e incêndios foram provocados por membros e “vândalos simpatizantes” de facções criminosas. Ele comentou sobre o caso em coletiva de imprensa na noite de sábado. Ulisses ressaltou que não houve um “salve” – espécie de ordem dos líderes das facções de dentro dos presídios – para os atos nas ruas.
Os ataques dos criminosos seriam em reação à operação da polícia após o conflito na comunidade de Papaquara. O Primeiro Grupo Catarinense (PGC), maior facção criminosa de Santa Catarina, tenta comandar a localidade que hoje estaria dominada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), maior facção do Brasil, com origem em São Paulo, e atuação em diversos estados e também internacionalmente.
“Não identificamos ‘salve’ dentro de presídios para que isso acontecesse hoje [sábado]. Foi algo pontual, e vândalos que seriam simpatizantes e membros de organizações resolveram criar artifícios para tirar a atenção de uma ação policial no norte da Ilha. Em especial, não há nada visto de organização criminosa, tem uma ação eventual, pontual”, comentou o delegado.
O Ministério Público participou das audiências de custódia dos presos e informou que a 39ª promotoria de justiça da capital já abriu investigação contra os envolvidos.
O Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), a Coordenadoria de Inteligência e Segurança Institucional (Cisi) e a promotoria de justiça de plantão acompanharam os fatos no sábado, integrando a Sala de Situação.