CENTRO DE ITAJAÍ
MP investiga denúncia de que obra de torre comprometeu Igrejinha velha
Corpo jurídico da Mitra levou o caso ao MP pedindo reparação dos danos ao templo histórico
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
O Ministério Público de Itajaí está investigando uma denúncia de que a igreja Imaculada Conceição, um dos mais importantes patrimônios históricos de Itajaí, está sofrendo degradação devido à construção de um prédio de 33 andares da construtora Lotisa, erguido do outro lado da rua. A denúncia foi encaminhada ao MP pela Mitra Metropolitana, da Arquidiocese de Florianópolis, responsável pela administração da igreja.
A denúncia, também recebida pelo DIARINHO, inclui fotos que mostram a deterioração acelerada com fissuras e rachaduras visíveis, especialmente na lateral voltada para a obra. A suspeita é que os danos estruturais tenham sido causados pela demolição do antigo prédio do Santander e pelas escavações e obras pra construção do edifício Downtown, da Lotisa.
Os primeiros sinais de dano começaram a surgir logo após a demolição do Santander, em 2022, mas se intensificaram com a remoção do estacionamento próximo à igreja e com o avanço das obras do edifício.
A autorização para a construção foi concedida pelo Conselho Municipal do Patrimônio Cultural, sob a condição de que a construtora assumisse a responsabilidade pela manutenção da igreja. No entanto, a Mitra Diocesana alega que a Lotisa não cumpriu o acordo.
Os estudos e laudos indicavam que a paróquia seria responsável pelos danos preexistentes, enquanto a Lotisa se encarregaria dos impactos futuros. A Mitra Diocesana solicitou investigação do MP para possíveis irregularidades no projeto da construtora, que poderiam comprometer permanentemente a integridade da igrejinha.
A paróquia também reivindica que a Lotisa arque com os prejuízos materiais causados desde o início das obras, argumentando que o laudo da empresa considera apenas os efeitos da demolição do Santander, ignorando os impactos da remoção do estacionamento.
Conselho
O Conselho Municipal do Patrimônio reconhece a necessidade de um novo laudo técnico para avaliar os danos relatados pela Mitra. O órgão também destacou que a Mitra não tem realizado a manutenção adequada da igreja, evidenciada pela pintura desgastada e pela sujeira acumulada. O último restauro foi há seis anos.
Embora haja alegações de que a obra da Lotisa agravou os problemas estruturais, o Conselho afirma que é necessário um laudo técnico para confirmar a suspeita. A vistoria deve ocorrer em breve, embora ainda não haja data definida.
Em nota, a Lotisa informou que tomou todas as medidas técnicas para garantir a integridade da igreja. A construtora contratou um laudo cautelar de vizinhança, que resultou em 1,5 mil páginas e mais de seis mil fotos catalogadas do estado da igreja antes do início das obras. O projeto foi autorizado pelo pároco local e pelo Conselho Municipal do Patrimônio Histórico de Itajaí, além da Fundação Catarinense de Cultura. Paralelamente, a Lotisa também está elaborando um projeto técnico para o restauro completo da igreja.
A construtora encaminhou ofícios aos órgãos competentes sugerindo especialistas e empresas para a elaboração de um projeto de reforma da igreja. A obra da Lotisa está prevista para ser concluída até 2027.