Cocaína pra Europa
PF prende armador acusado de tráfico internacional de drogas
Ele é dono de um barco que desapareceu com parte da tripulação a bordo
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]
Um armador de pesca de Itajaí foi preso pela Polícia Federal na manhã de terça-feira em um apartamento de luxo no bairro Fazenda. M.M.S.F., de 43 anos, é apontado como chefe do bando que mandava cocaína para a Europa e importava haxixe da África com ajuda de embarcações de Itajaí. A quadrilha já teria movimentado mais de 4,6 toneladas de cocaína e três toneladas de haxixe.
M. é proprietário de um pesqueiro que naufragou no ano passado e também locatário de uma sala comercial onde foram encontrados 50 quilos de haxixe no início de maio.
 
Já possui cadastro? Faça seu login aqui.
OU
Quer continuar lendo essa e outras notícias na faixa?
Faça seu cadastro agora mesmo e tenha acesso a
10 notícias gratuitas por mês.
Bora ler todas as notícias e ainda compartilhar
as melhores matérias com sua família e amigos?
M. é proprietário de um pesqueiro que naufragou no ano passado e também locatário de uma sala comercial onde foram encontrados 50 quilos de haxixe no início de maio.
M. foi preso na rua Telêmaco Pereira Liberato. Também houve uma ordem judicial cumprida na sede da empresa, na rua Elizário Pereira, na Barra do Rio.
“O principal alvo de Itajaí era o chefe da organização criminosa. Essa organização criminosa era contratada para levar carregamentos de droga para a Europa e trazer carregamentos da África para cá. O trabalho deles era a logística de transporte de embarcações com drogas”, explicou o delegado da PF, Roger Soares Cardoso.
O delegado Cleberson Alminhana, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes, confirma que o bando trabalhava com a logística do transporte das drogas entre os continentes. "Eles trabalhavam na remessa de cocaína para Europa através da Costa Africana, e traziam haxixe para o Brasil. Essa organização, que é baseada em Itajaí, usa embarcações pesqueiras que tem capacidade de fazer a travessia transoceânica. Levam a cocaína até a costa africana, onde é feito o transbordo para outros navios que seguem para a Europa e muitas vezes retornam", completa.
Houve outras duas prisões, uma em Florianópolis e outra em Angra dos Reis (RJ). Também foram sequestrados cerca de R$ 30 milhões em bens do investigado, incluindo imóveis, veículos, embarcações e contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas. As ordens judiciais são da 22ª Vara Federal de Porto Alegre.
A PF constatou que alguns dos investigados estavam envolvidos na operação que tentou enviar 21 quilos de cocaína no casco de um navio que partiria do porto de Rio Grande (RS) para Portugal.
A operação da PF, batizada de Narcopesca, é a segunda fase da Operação Hinterland, que investiga a organização criminosa que usava embarcações pesqueiras e veleiros para enviar drogas ao exterior. A investigação contou com o apoio da Receita Federal e da Marinha do Brasil.
Droga em indústria pesqueira
O armador preso nesta terça tinha uma sala comercial alugada dentro de uma empresa de pesca na Barra do Rio, em Itajaí. Em maio deste ano, a PM apreendeu 50 quilos de haxixe em caixas de isopor avaliados em mais de R$ 700 mil. A.H.C., de 20 anos, preso na no local, é sobrinho do líder do bando. M. também é dono do pesqueiro que naufragou em junho do ano passado, com oito tripulantes a bordo. Seis pescadores foram resgatados com vida, enquanto dois desapareceram e os corpos nunca foram encontrados.
Portos do sul na rota do tráfico internacional de drogas
Em março do ano passado, a PF já havia desmantelado parte da quadrilha. Eles atuavam através dos portos de Itajaí e Rio Grande, utilizando duas grandes empresas de logística montadas nas cidades. Na época, o dono de uma dessas empresas foi preso em Balneário Camboriú. Outras quatro pessoas foram presas em Itajaí, Balneário Camboriú e Camboriú.
Aldronei Rodrigues, superintendente Regional da PF do Rio Grande do Sul, explicou na ocasião que os donos das empresas participavam ativamente do tráfico de drogas. “A cúpula da empresa participava do tráfico. Esse é o diferencial. Não foi uma organização criminosa que criou empresas à margem da lei. A empresa tinha funcionamento lícito. Os funcionários nada sabiam, mas a cúpula praticava os crimes”, esclareceu.