A empresa informa que todas as linhas foram afetadas até o momento. Não foi informado o número exato de grevistas, mas a empresa diz que um grupo de motoristas impediu os ônibus de sair da garagem, inclusive barrando os demais trabalhadores que não aderiram à paralisação.
A prefeitura e o sindicato da categoria foram notificados da situação, segundo o consórcio. Os ônibus amanheceram parados no pátio da empresa, ao lado da prefeitura, onde motoristas e cobradores fazem a concentração. Ainda na quarta-feira, funcionários denunciaram que o salário que deveria ser depositado no dia 7, terça-feira, não tinha caído na conta, e o vale-alimentação também não tinha sido disponibilizado.
No mês anterior também teria ocorrido atraso no pagamento. Os trabalhadores relataram que a empresa ainda não recolheu o FGTS referente aos meses de setembro, outubro, novembro e dezembro de 2023, sendo que no mês de dezembro não teria sido pago também o 13º salário.
Neste ano, o recolhimento do FGTS foi feito para os primeiros três meses, ficando pendente o mês de abril e os últimos meses de 2023. Diante da situação, na quarta-feira os trabalhadores anunciaram a paralisação a partir da madrugada desta quinta-feira pra cobrar os pagamentos.
Ainda na quarta-feira, circulou um comunicado interno informando que a empresa estava fazendo “todos os esforços possíveis” para honrar os compromissos. Além de prejudicar os trabalhadores, a falta de repasse da prefeitura teria afetado também o pagamento de fornecedores da empresa.
No comunicado, a empresa afirmou que estaria pagando, na quarta-feira, 50% do salário atrasado, enquanto a outra metade seria paga o “mais breve possível”. O acerto do vale-alimentação ficou prometido pra esta sexta-feira, como já estava programado.
Prefeitura não pagou subsídio, diz consórcio
Em nota à imprensa, o consórcio Atalaia explica que a paralisação dos motoristas está ligada à falta de pagamento do subsídio do transporte. Segundo a empresa, nos últimos 90 dias, o município voltou, pela segunda vez, a ficar inadimplente quanto ao pagamento dos subsídios mensais.
O subsídio é um valor mensal que deve ser repassado pela prefeitura pra cobrir os custos da operação de transporte, pois só o valor das passagens não cobre os gastos. O repasse é previsto na concessão, cujo contrato foi firmado em 24 de abril de 2023. O município, porém, não teria encaminhado pra Câmara de Vereadores o pedido de orçamento para a concessão ainda em 2023, gerando a dívida que se acumula desde outubro.
O consórcio diz que a dívida soma “volumes de recursos expressivos e vultosos que estão inviabilizando a operação do sistema”. “Tal ausência de pagamento, por parte da prefeitura de Itajaí, tem impactado significativamente a operação do transporte público, afetando inclusive a viabilidade de manutenção do contrato em vigor e o pagamento dos colaboradores”, afirma.
Para evitar o agravamento do problema, a empresa relata que, por diversos meses, vem tentando uma solução. A última tratativa foi na terça-feira, quando o consórcio pediu explicações do município para resolver a falta de pagamento. A empresa aguardava uma resposta nos dias seguintes.
“Por fim, o consórcio respeita a decisão dos colaboradores que optaram pela paralisação do serviço, uma vez que os mesmos estão preocupados com o futuro da operação”, completou. A prefeitura ainda não se manifestou sobre o caso.
Sindicato se diz surpreso com paralisação
Os trabalhadores disseram que o sindicato da categoria não deu apoio à paralisação. Em nota, a diretoria do Sindicato dos Motoristas de Itajaí (Sitraroit) disse que foi surpreendida com a mobilização, uma vez que a entidade já estava buscando uma solução.
“Ficamos surpresos com a paralisação repentina realizada, tendo à frente vereadores da cidade, o qual, no mínimo deveriam conhecer à legislação, já que o sindicato está em negociação coletiva e na busca de resolução para o atraso salarial, inclusive, com assembleia designada para essa data, às 20h”, esclareceu.
O sindicato lembra que paralisações são sempre a última alternativa e são divulgadas com antecedência e aviso prévio aos órgãos públicos. “Todas as paralisações realizadas foram utilizadas como único remédio para a resolução de conflitos, sem antes tomar todos os cuidados para minimizar os transtornos à cidade”, ressaltou.