ITAJAÍ

Caindo aos pedaços, prédio do clube Sebastião Lucas perdeu parte do telhado

Diretoria diz que trabalha pela recuperação da sociedade desde o ano passado

Clube tombado como patrimônio cultural é referência para comunidade negra (Foto: João Batista)
Clube tombado como patrimônio cultural é referência para comunidade negra (Foto: João Batista)

Tombada como patrimônio cultural, a histórica Sociedade Sebastião Lucas, na Vila Operária, em Itajaí, sofreu novos danos na estrutura com a queda de parte do telhado, já deteriorado. A situação do prédio tenta ser revertida pela nova diretoria do clube, eleita no ano passado com a missão de restaurar a sociedade após anos de abandono e problemas na organização administrativa.

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O presidente da Fundação Cultural de Itajaí, Normélio Weber, que também preside o Conselho Municipal de Patrimônio, informa que o projeto pra restauração vem “andando bem” desde a nova ...

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O presidente da Fundação Cultural de Itajaí, Normélio Weber, que também preside o Conselho Municipal de Patrimônio, informa que o projeto pra restauração vem “andando bem” desde a nova diretoria. As obras, ainda sem orçamento definido, poderão ser bancadas por editais de leis de incentivo à cultura. Ele lembra que a sociedade também passa por regularização, devido a pendências legais e financeiras.

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O prédio está fechado desde 2021, após processo movido pelo Ministério Público e de notificação da Defesa Civil devido ao risco de ser invadido por andarilhos, pois até as portas foram arrombadas. Desde então, diversos grupos do Movimento Negro se mobilizaram, com o apoio da Fundação Cultural, para a recuperação. Em 2022, o clube foi lacrado com tijolos nas portas e aberturas.

A sociedade informou que teve a confirmação da queda do telhado nesta semana, quando a equipe de Controle da Dengue precisou entrar no imóvel para vistoria. A nova diretoria entrou no prédio, o pessoal da zoonoses fez o trabalho no local e a construção foi lacrada novamente após o serviço.

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Agora, outras medidas são discutidas pela entidade com o município. Em reunião com Normélio Weber, o clube solicitou que a Fundação Cultural mediasse uma conversa com a secretaria de Obras. A proposta é de construção de tapumes ao redor do prédio, para maior segurança dos pedestres.

Clube histórico

A Sociedade Cultural e Beneficente Sebastião Lucas foi fundada em 22 de maio de 1952. O clube na rua Getúlio Vargas, na esquina com a Alfredo Trompovski, na Vila Operária, é tombado como Patrimônio Cultural de Itajaí e possui um legado histórico e social importante para a comunidade afrodescendente da cidade.

A entidade foi criada após a extinção do Clube de Regatas Cruz e Souza, primeira organização náutica de Santa Catarina formada por negros, e do Humaitá Futebol Clube, que tocava atividades esportivas e sociais para os afrodescendentes.

A partir dos anos 1950, o clube virou referência da comunidade negra de Itajaí e região. O nome da entidade homenageia Sebastião Lucas Pereira, trabalhador portuário e um dos fundadores da Sociedade Beneficente XV de Novembro, a qual presidiu por vários anos.

A Sebastião Lucas foi a primeira sociedade do estado, de raça negra, a debutar moças negras. Dentre as festas mais importantes do clube, estava o Baile de Debutantes, realizado todo o ano no dia 22 de maio, e o Baile da Rainha da Primavera, dedicado à juventude no mês de setembro.

Os bailes na sociedade atraíam caravanas de Joinville, Florianópolis, Jaraguá do Sul, Laguna e até Criciúma, e se tornaram lendários. Nos anos 2000, o local abrigou o Galpão da Band, que tocou eventos até o prédio se contrastar, nos últimos anos, com o abandono, em meio às tentativas de reabertura.

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Processo de regularização

A advogada Márcia Guimarães, presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento da Comunidade Negra de Itajaí (Conegi) e da Comissão de Igualdade Racial da OAB de Itajaí, trabalha na regularização do clube desde o ano passado. Ela informa que um dossiê com as informações foi feito para o processo aberto pelo MP.

Márcia explica que a situação de abandono não é recente. “Desde quando cederam o clube para o Galpão da Band é que o declínio começou. Diversas diretorias tentaram resgatar os áureos tempos do clube, mas sem êxito. No segundo semestre do ano passado uma nova diretoria foi formada, com o apoio da Comissão de Igualdade Racial da OAB de Itajaí, e estamos na regularização cartorária”, relata.

Ela adianta que a situação do clube está no tema de uma audiência com a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. A agenda foi marcada pela Associação de Clubes Negros de Santa Catarina, da qual a sociedade de Itajaí faz parte, e irá tratar do cenário dos clubes negros catarinenses. “Se o Sebastião Lucas conseguir recursos, um representante do clube deverá ir a Brasília em 21 de fevereiro”, diz.

Enquanto isso, seguem ações no âmbito municipal. A advogada explica que como o prédio é tombado pelo município, o responsável pelas discussões é o Conselho Municipal de Patrimônio Cultural de Itajaí, onde estão sendo conduzidas as tratativas desde a notificação do MP e Defesa Civil.

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“Depois disso, dois grandes eventos já aconteceram ao lado do clube: a Virada Afrocultural em 2022 e 2023, tendo como objetivo resgatar a memória do povo negro de Itajaí e dos grandes eventos que já ocorreram no clube”, conta. A Virada Afrocultural entrou para o calendário de eventos do município e terá a 3ª edição em maio.

 




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