Os resultados até agora são promissores, conforme anunciou a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de Santa Catarina (Fapesc), que financia o projeto em fase de conclusão. Os extratos naturais das plantas demonstraram efeito tanto para repelir o mosquito da dengue quanto para eliminar as larvas.
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Pelo menos três espécies de plantas demonstraram ações larvicidas e repelentes ao Aedes aegypti. Óleos essenciais extraídos da unha-de-gato e da casca d’anta apresentaram destaque em efeitos contra as larvas do mosquito. Já o óleo extraído do crisântemo demonstrou efeito repelente.
As larvas do Aedes aegypti usadas na pesquisa foram criadas em laboratório. Os estudos são conduzidos por professores e alunos dos programas de pós-graduação em Ciências da Saúde e Ciências Ambientais da Unochapecó.
Genética dos vírus
Uma nova fase da pesquisa prevê a identificação genética dos tipos de vírus que estão presentes no mosquito. “Quando a pessoa adoece é feito um exame para saber qual vírus a atacou. Temos a identificação no sujeito doente, mas não no vetor. Em Santa Catarina, não temos estudos divulgados sobre a identificação dos vírus que estão nos mosquitos”, informa a professora Maria Assunta Busato.
Há quatro tipos de vírus em circulação no Brasil, sendo o tipo 2 o mais presente. Além da produção dos repelentes e dos larvicidas a partir de produtos naturais, as próximas etapas do projeto também preveem novas ferramentas de comunicação social sobre a doença e capacitações para profissionais da rede de saúde.
Diagnóstico da doença
Além do efeito dos óleos contra o mosquito, a pesquisa também chegou a um diagnóstico sobre a doença. O resultado preliminar aponta para o crescimento do número de casos e de mortes por dengue em Santa Catarina. Os fatores mudam de município para município. Cidades com maiores índices de saneamento básico e de Desenvolvimento Humano (IDH), por exemplo, são menos afetadas pela dengue.
Inicialmente restrita a Santa Catarina, a pesquisa avançou para mais de 1500 municípios da fronteira brasileira, em parceria com a Universidad Nacional de Misiones, na Argentina.
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“A dengue não é um problema só do Brasil. O mosquito não obedece fronteiras”, disse a líder do trabalho, professora Maria Assunta Busato. Os estudos levam em consideração dados da Vigilância Epidemiológica do estado e dos municípios, além do sistema do SUS (Datasus).
Estado cria Grupo de Ações Coordenadas
O primeiro caso de dengue em solo catarinense foi registrado em 2011. Em 2024, há mais de 4000 casos prováveis, sendo 900% a mais que no mesmo período do ano passado. Uma morte pela doença já foi confirmada, em Joinville, cidade que está entre as 13 da região Norte a ser atendida pela primeira remessa de vacina do governo federal.
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No estado, mais de 5000 focos do mosquito Aedes aegypti foram localizados em 186 municípios. Diante do quadro, a Secretaria de Estado da Saúde anunciou na semana passada novas medidas contra a doença. Além de criar o Grupo de Ações Coordenadas, o governo determinou uma força-tarefa institucional, envolvendo diversos órgãos e pastas.
“Estamos nos antecipando. O calor e as chuvas contribuem para o aumento dos casos e precisamos unir esforços. Além dos repasses que estão previstos, toda a estrutura de governo vai se envolver nessa prevenção”, destacou o governador Jorginho Mello (PL).