JOSÉ BOITEUX
Chefe da Funai e cacique negociam com a polícia de choque
Indígenas denunciam que acordo não foi cumprido pelo governo de Santa Catarina
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]
O chefe da Funai em Santa Catarina, Willian Nunes da Silva Junior, e o cacique Setembrino Camlem estão em negociação com o comando da Polícia Militar para resolver o impasse na operação de fechamento da Barragem Norte de José Boiteux na noite deste sábado.
A possibilidade de confronto foi anunciada após o governador Jorginho Mello (PL) ordenar o fechamento das duas comportas para tentar diminuir o nível do Itajai-açu que tem previsão de chegar a 14 metros após as chuvas deste sábado.
"A comunidade tinha entrado em acordo com o governo do estado na tarde de sábado. Logo após, o governador Jorginho Melo conseguiu uma liminar na justiça para operar a barragem e designou que a Polícia Militar fosse para o local com membros do batalhão de choque. Desde então a comunidade indígena e a comunidade de José Boiteux interditam o acesso ao local e tentam obstruir a passagem", informou a assessoria de imprensa da prefeitura de José Boiteux.
A comunidade alega que o governo do estado não cumpriu sua parte no acordo que previa o fechamento da barragem.
Entre as promessas não cumpridas estariam barcos para o deslocamento da comunidade, água potável, atendimento médico 24h, distribuição de cestas básicas e disponibilização de ônibus para as famílias.
A comunidade também requer que quem tiver as casas alagadas com o fechamento da barragem tenha acesso a outras moradias. Devido ao precário estado da barragem, o temor é que não seja mais possível abri-la.
Uma ambulância cedida pela Secretaria de Estado da Saúde chegou em José Boiteux às 23h30 para atender a comunidade indígena.
A Polícia Federal informou ao DIARINHO que não teve acesso a qualquer ordem judicial para participar na ação de bloqueio da barragem.