BALNEÁRIO CAMBORIÚ
Justiça proíbe que médico fake oferte tratamentos do câncer à hipnose
Sem formação na área, o homem se apresentava como “médico integrativo” mas é um baita de um charlatão
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]
Um médico fake foi proibido de atender pacientes em Balneário Camboriú através de uma decisão liminar da justiça. O homem, de 47 anos, oferecia consultas de várias especialidades e chamava de “atendimento integrativo”.
O falso profissional oferecia “terapias para saúde, medicina integrativa, naturopatia, homeopatia, osteopatia, hipnose, coaching e alquimia”, mas não tinha qualquer tipo de formação.
Antes de se anunciar como profissional de saúde, o estelionatário trabalhou como pedreiro. Se descumprir a decisão judicial da Vara da Fazenda Pública de BC, o médico fake terá que pagar multa diária de R$ 10 mil.
Informações sobre a investigação do Ministério Público que culminaram com a proibição mostram que o investigado se apresentava na internet como doutor, profissional de medicina integrativa e especialista no tratamento de diversas doenças.
Ele oferecia tratamentos contra o câncer, depressão, ansiedade, insônia, variações emocionais, esteatose hepática, cálculo biliar, doenças do intestino e tireoide.
Consultório suspeito
No início, ele atendia em uma quitinete, mas depois passou a prestar atendimento em uma clínica de um médico cirurgião plástico estabelecido na cidade. A clínica e o médico também foram alvo da ação do Ministério Público diante da constatação de diversas irregularidades pela Vigilância Sanitária.
A clínica tinha condições precárias de higiene e produtos com prazo de validade vencido há mais de sete anos. Além disso, não possuía alvará sanitário nem certidão de regularidade técnica emitida pelo Conselho Regional de Medicina.
A decisão da Vara da Fazenda Pública de Balneário Camboriú interditou a clínica e proibiu o médico, que é proprietário e responsável pelo espaço, de locar salas para pessoas que não comprovem habilitação técnica e não possuam autorização dos órgãos de classe profissional para atuarem. A multa se a clínica descumprir a decisão também será de R$ 10 mil ao dia.
Charlatão só fez curso de pescador
Durante a investigação, a vigilância sanitária chegou a fiscalizar um lugar divulgado na internet como sendo o endereço profissional do médico de mentira. “Foi constatado que o local se tratava de uma pensão com locação de quartos individuais e banheiros compartilhados. A proprietária do imóvel afirmou aos agentes que o homem chegou a trabalhar como pedreiro na cidade”, relatou o MP.
A investigação mostrou que o charlatão estava atendendo em uma clínica de cirurgia plástica e estética no centro de Balneário Camboriú. A equipe da vigilância e do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) cumpriu ordens judiciais no local e flagrou o acusado atendendo um paciente.
Na investigação, nenhuma das especialidades anunciadas pelo médico foi comprovada. Ele só cursou capacitações rápidas e sem ligação com a área da saúde, como pescador artesanal e autodefesa.