SANTA CATARINA
Japão suspende compra de frango de SC
Foco já eliminado foi registrado em ave de quintal em Maracajá, no sul do estado
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
O Japão decidiu suspender a compra de carne de frango e seus derivados, como o ovo, de Santa Catarina. A medida foi informada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que na segunda-feira informou sobre a decisão do país asiático. A suspensão é pelo novo caso de gripe aviária identificado no sábado em uma ave de fundo de quintal em Maracajá, no sul catarinense.
A Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) informou que adotou todas as medidas sanitárias e erradicou o foco da Influenza Aviária (H5N1) ainda no fim de semana. O local foi interditado, as aves mortas e as carcaças destruídas e enterradas, seguindo protocolos internacionais. O órgão ainda intensificou as ações de educação sanitária, de vigilância e de investigação nas propriedades rurais da região.
Na terça-feira, o governador Jorginho Mello (PL) foi a Brasília (DF) para reverter a situação. Ele apresentou ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, o sistema sanitário de proteção animal e os protocolos usados pra eliminação do foco identificado. Na quarta-feira, Jorginho recebeu o embaixador do Japão, Hayashi Teiji, pedindo a retomada das importações.
“Vamos fazer o que estiver ao nosso alcance para reverter a situação, mostrar que foi um fato isolado”, disse o governador. Na agenda de Jorginho em Brasília, o Ministério da Agricultura garantiu que fará uma missão ao Japão nesta semana que terá a prioridade de derrubar a suspensão das vendas para o país asiático.
“Estamos bastante preocupados com o embargo e viemos pedir ajuda. O ministro tem uma missão essa semana para o país e a gente veio reforçar essa importância, o quanto as vendas para o Japão representam pra economia de Santa Catarina, e o nível de qualidade da nossa produção”, destacou Jorginho.
O Brasil continua sendo um dos quatro países do mundo que nunca registraram casos de gripe aviária em criações comerciais, que são as que produzem para vendas ao exterior. O Japão, no entanto, adota esse protocolo preliminar de suspender as importações sempre que identificada a doença em alguma ave que não seja silvestre, caso do foco registro em Santa Catarina.
“Passou a ser a prioridade número 1 da nossa missão. Já estamos em tratativas para rediscussão deste protocolo. Santa Catarina sempre foi e sempre será o nosso exemplo de sanidade animal”, comentou o ministro Carlos Fávaro.
Segundo foco no estado
O caso de gripe aviária identificado no sábado foi o primeiro registro da doença em uma criação de subsistência (ave de fundo de quintal), e a segunda detecção do vírus H5N1 no estado, sendo a primeira registrada em junho, em uma ave silvestre em São Francisco do Sul, cujo foco também já foi eliminado.
Em Maracajá, a ave vivia num quintal onde eram criadas outras espécies, como galinhas, faisão, ganso, pato, perdiz e peru. Os animais viviam soltos no terreno e não eram criados pra produção comercial, segundo o estado.
Conforme a Cidasc, o registro não compromete a condição sanitária de Santa Catarina e do país, que seguem como livres de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) porque a produção comercial de aves continua sem nenhum registro da doença.
Santa Catarina segue em alerta máximo pra adoção das medidas de segurança na avicultura comercial e a proibição de visitas de pessoas alheias ao sistema de produção nos aviários. Permanece também a recomendação da restrição de acesso ao ambiente externo para aves criadas livres e mesmo aves de subsistência.
A realização de exposições, torneios, feiras e outros eventos com aves continua suspensa nos territórios catarinense e nacional. Atualmente, o Brasil conta com 64 focos de gripe aviária detectados nos estados do Espírito Santo, Bahia, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, SC e São Paulo. Não há registro da doença na produção comercial.
Conversa com embaixador
Na manhã de quarta, Jorginho conversou com o embaixador do Japão sobre a suspensão da importação de aves do estado. “Nossa conversa foi para mostrar que não houve impacto nenhum nas empresas que fazem o abate de aves. Além disso, foi uma reunião para tratar de outros investimentos que unem Santa Catarina e o Japão”, disse.
Segundo Hayashi Teiji, nos próximos dias uma equipe do governo japonês estará em Brasília discutindo as regras e as medidas adotadas pelo país sobre importação de alimentos de origem animal. “A ideia é buscar uma solução para não trazer impactos comerciais e nem financeiras ao estado catarinense. Estamos trabalhando para garantir a retomada do envio de carnes de aves para o Japão”, comentou.