Às 10h35 de quinta-feira, Itajaí registrou a maior rajada de vento de sua história: 108 km/h. O vento arrancou árvores, destruiu vidraças, derrubou toldos e destelhou imóveis. A rajada foi medida na Estação da Univali/Porto de Itajaí, que fica no molhe da Atalaia.

O climatologista Sergey Araújo, do Laboratório da Univali, explica a violência do que aconteceu. “Essa velocidade [108 km/h] é a rajada máxima, o que causa mais estragos são os ventos sustentados, com duração de mais de um minuto. Tivemos das 7h às 12h uma média entre 45 a 60 km/h”, comenta.

Os ventos mais  fortes já passaram. “A tendência é de baixa gradativa. Esse vento mais intenso, de 40 km/h, segue até umas 3h de sexta, mas vai diminuindo aos poucos”, informou.  Durante a sexta-feira, os ventos serão suaves, segundo o climatologista.

A vizinha Brusque teve rajadas de vento ainda mais fortes. Pela medição feita no topo do edifício Monte Castello, um dos pontos monitorados pela rede Groh Estações, a rajada mais forte chegou a 126,7 km/h. Essa rajada atingiu a cidade por volta das 14h. A maior parte da cidade de Brusque ficou sem luz durante toda a quinta-feira.

Além do ventão, segundo a Defesa Civil, a atuação do ciclone extratropical na costa de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul deixou o mar grosso e com ressaca no litoral catarinense. As ondas variam com direção sul e sudeste, ultrapassando os 3 metros, com picos entre 3,5 e 4,5 metros no litoral sul. Nas áreas da Grande Florianópolis, as ondas variam entre 2,5 e 3 metros. Nas praias de Itajaí e região, as ondas giram na casa dos 2 metros.

O sol deve reinar na sexta-feira, sábado e domingo. Serão bons períodos de sol. As temperaturas vão cair, com mínimas entre 8/11°C e máximas entre 19/22°C. O frio continuará na próxima semana, com mínimas entre 10/13°C.

Apagão deixou 100 mil sem luz

Os ventos provocaram um apagão na região, no início de quinta-feira, deixando mais de 100 mil unidades consumidoras sem luz. Até às 10h, eram 100.326 interrupções, afetando 10 cidades da Amfri. Conforme o mapeamento da Celesc, Bombinhas, Porto Belo, Itapema e Itapema foram as cidades mais atingidas, com mais da metade das casas sem energia.

As interrupções ocorreram pela queda de árvores, galhos e outros materiais que atingiram as fiações. Na região, a ventania provocou destelhamentos, quedas de placas, arrancou árvores e arremessou nas ruas materiais e resíduos da construção civil, como madeiras e telas de proteção.

No fechamento desta edição, às 21h30 de quinta, quase dois mil imóveis seguiam sem luz na região.

30 escolas de Itajaí foram afetadas pelo vendaval

A Secretaria de Educação de Itajaí informou que 30 escolas foram atingidas pelo vendaval. A mais afetada foi a Escola Professora Maria Rosa Heleno Schulte, no bairro Espinheiros, que teve boa parte do teto arrancada pela força dos ventos. Vídeos feitos por leitores mostram os alunos sendo resgatados da unidade do Espinheiros após a queda do telhado da escola, que fica na rua Fermino Vieira Cordeiro.

Outra que teve parte do teto destruído pelo ventão foi a Escola Estadual Ary Mascarenhas, na rua Joaçaba, bairro São Vicente.

Nesta sexta-feira, as aulas voltam ao normal em Itapema, Navegantes, Itajaí e Balneário Camboriú, que tinham suspendido as aulas na quinta. Em Itajaí, somente a Escola Maria Rosa Heleno Schulte não terão aula.

Em BC, as aulas das duas turmas do Berçário I estão suspensas nesta sexta-feira no Núcleo de Educação Infantil (NEI) Pequeno Mundo, no bairro Nova Esperança. O local recebe manutenção. As outras salas do Núcleo não foram atingidas. As aulas das duas turmas retornam somente na segunda-feira.

Casa tem telhado arrancado no bairro Fazenda

Os ventos fortes provocaram estragos em diversas casas nas ruas Maria Sedrez e João Hipólito Gonçalves, no bairro Fazenda. Os apartamentos do piso superior de um sobrado tiveram a cobertura destruída no início da manhã. Metade das telhas foram arrancadas e voaram pela vizinhança.

Em Itapema, o telhado de uma casa voou inteiro com a força do vento na rua 436, no bairro Morretes. Na rua 264, em  Meia Praia, em Itapema, vidros de um prédio se espatifaram.  Já em Bombinhas, toldos da avenida Leopoldo Zarling caíram. O mirante de Bombas também teve madeiras arrancadas.

Em Itajaí, uma varanda e um portão do prédio Cezanne, na Beira Rio, desabou. A rua Telêmaco Pereira Liberato foi isolada para retirada dos cacos de vidros. Em Balneário, até a cobertura do Neymar, no Yatchouse, balançou com a força dos ventos.

Unidades de saúde e ginásios fechados

Algumas unidades básicas de saúde de Itajaí registraram destelhamentos. O ambulatório que fica junto ao Centro Administrativo do Arraial dos Cunhas estará fechado nesta sexta-feira. O Centro de Referência em Doenças Infecciosas (Ceredi) teve problemas com destelhamento e a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Cordeiros está com atendimentos parciais em função de problemas no forro. Os pacientes estão sendo encaminhados para a UPA do Centro Integrado de Saúde.

As atividades esportivas realizadas na pista de atletismo, na Ressacada, e no Ginásio Gabriel João Colares, no bairro São João, estão suspensas. A Fundação de Esportes avalia os danos e trabalha para recuperar e reparar as instalações afetadas.

Canal da Barra ficou fechado

O canal de acesso ao complexo Portuário de Itajaí e Navegantes ficou fechado pela Marinha do Brasil durante a quinta-feira. Pelo menos cinco navios seguem impedidos de fazer manobras no fechamento desta edição.

Já a operação da balsinha entre os bairros Barra do Rio e Machados, que foi suspensa na manhã de quinta, voltou a operar. O ferry-boat do centro não foi prejudicado.

Dois voos no aeroporto de Navegantes sofreram alterações pelo vento. Um foi cancelado e outro teve a rota alterada. Duas escadas de embarque e desembarque de passageiros tombaram. Ninguém se feriu.