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Vendas de motos cresceram 17% e setor chega otimista a 2023
Santa Catarina segue movimento nacional e vendeu 20,31% a mais em janeiro
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Entre os veículos sobre rodas vendidos no Brasil no ano passado, as motocicletas foram as que apresentaram os melhores números. Segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), entre janeiro e dezembro foram emplacadas 1.362.129 veículos de duas rodas, com avanço de 17,7% sobre os números do ano anterior. A média mensal ficou em 113,510 mil motos.
O ano de 2022 foi o melhor para as vendas de motos no Brasil desde 2014, quando foram emplacadas 1.429.929 unidades. A linha Street (ou das motos para uso na cidade) estão no topo desse ranking, com 80% dos emplacamentos. Em segundo lugar, ficou a linha Trail (com 18,7% de participação), seguida da linha Motoneta (13,2%).
Os bons ventos continuam soprando a favor e o setor de duas rodas entra aquecido em 2023. As vendas cresceram 23,33% em janeiro deste ano em comparação a janeiro do ano passado, com a comercialização de 110.943 motos. Realidade que se repete em Santa Catarina, com 3329 motos vendidas e avanço de 20,31%.
No entanto, a falta de veículos novos no mercado alavancou as vendas das motos seminovas, o que acabou mascarando os números, porque não aparecem nas estatísticas das Fenabrave. “Sofremos com a falta de motos novas nas fábricas, o que gerou uma demanda muito maior do que a oferta e limitou o crescimento do setor”, explica Toninho, gerente geral da rede Toni Center. O grupo trabalha com a marca Honda há 52 anos e tem concessionárias em Itajaí e Balneário Camboriú, e pontos de vendas em Itapema, Camboriú, Penha, Piçarras e Navegantes.
“A falta de veículos novos no mercado também impactou no aumento das seminovas, que chegaram a patamares de preços semelhantes aos dos modelos novos”, acrescenta. Leandro Werner, diretor da Promenac Motos, diz que se houvesse aumento de produção pelas fábricas, os resultados do ano passado teriam sido bem superiores. A indústria estima um aumento de produção entre 10% e 15% e esse índice vai refletir nas vendas.”
O presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), Marcos Fermanian, diz que o crescimento no mercado das motocicletas poderia ser bem maior em 2023. “Apesar dos esforços das fabricantes, ainda não foi possível equilibrar a oferta e a demanda”, diz.
Toninho afirma que o mercado ainda sente os impactos da pandemia, quando houve total incerteza no setor e, consequentemente, redução nas linhas das montadoras. Já Leandro Werner diz que a maior demanda também está elevando os preços. “O mercado está muito aquecido”, diz.
Joias sobre rodas podem custar até R$ 300 mil
Sonhos de consumo entre os amantes das motos, os modelos de alta cilindrada (de 650cc a 1800cc) conquistam cada vez mais adeptos. A diferença é que o público para esses superveículos não é formado por trabalhadores que buscam melhor mobilidade ou economia no transporte. São aqueles que têm a moto como mais um dos muitos veículos da família, por paixão. Na Toni Center de Itajaí o preço desses brinquedos de luxo parte de R$ 56.900 (para uma Honda NC 750X), chegando a R$ 89.500, no caso do modelo Africa Twin de 1100cc, uma verdadeira joia sobre rodas.
Além da Honda, marcas como a Kawasaki, Suzuki, BMW, Harley-Davidson Triumph, Ducati e Yamaha, entre outras marcas que ganham as estradas em praticamente todo o planeta. Os preços podem chegar próximos dos R$ 300 mil.
Veículos de médio porte ganham mercado
Os modelos de média cilindrada (entre 250cc e 500cc) surgem como opção de quem procura uma moto versátil para rodar na cidade, mas com conforto e segurança para se aventurar em uma viagem sobre duas rodas, porém, de média distância. Até pouco tempo o mercado oferecia pouquíssimos modelos de motos nessa categoria, limitados a poucas opções das marcas Honda, Yamaha e Suzuki.
Fora dessas montadoras, havia somente as importadas, cujo preço geralmente era muito mais salgado. Essa realidade vem mudando com o aumento nas opções das montadoras tradicionais e também pelo ingresso de novas marcas no mercado brasileiros, com veículos montados na Zona Franca de Manaus.
Marcas como a Haojue e Kymco ganham forma no mercado das Trail e entram em 2023 com três modelos de média cilindrada: a Royal Enfield, a Meteor 350 e a Classic 350, entre outras marcas que despontam na preferência daqueles que curtem as motos de médio porte. Isso aponta para o crescimento desse segmento e, inclusive, fez com que montadoras tradicionais como Honda e Yamaha ampliassem seu portfólio nesse nicho de mercado.
Mulher e Biz: um casamento que deu certo
As vendas das motos de baixa cilindrada (de 100cc a 300cc) representam hoje cerca de 80% de todo o mercado abraçado pela marca Honda, que, segundo a Fenabrave, colocou nas ruas em torno de 73% das novas motocicletas. E dentre os muitos modelos da marca (de 100cc a mais de 1200cc), a Biz se tornou a grande vedete. Inclusive, o modelo de 125cc e preço a partir de R$ 19.490 responde por cerca de 40% de todas as motocicletas rodando pelas ruas brasileiras.
Toninho diz que na região da foz do rio Itajaí-Açu, onde a Toni Center está inserida, a Honda Biz é inegavelmente o veículo de duas rodas mais vendido. “Além da Biz ser considerada pelo mercado como o veículo da família, na nossa região a mulher anda de moto e esse veículo acabou sendo eleito pelas mulheres pelo conforto e pela praticidade”, diz Toninho.
O design da Biz é outro quesito que atrai o público feminino. A motoneta foi criada com o propósito de ser um meio de transporte prático para a locomoção urbana e começou a ser produzida pela Honda em 1998. E seu design vem sendo aprimorado no decorrer desses 25 anos. “Inclusive ainda hoje temos listas de espera para uma Biz nova. E a cor branca é a mais procurada”, pontua Leandro Werner, da Promenac Motos.
Ainda no grupo de baixa cilindrada da Honda outros modelos ganham destaque. Porém, a procura é infinitamente inferior à da Biz (de 110cc e 125cc). A linha Scooter (modelos Elite 125, PCX 160, Forza 350, Honda ADV e X-ADV) foi desenvolvida para quem busca um pouco mais de sofisticação. “O público da Scooter se diferencia do público da Biz, porque ela é mais uma moto de uso urbano e de baixa distância, mais adequada ao cotidiano do trabalhador”, diz Toninho.