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Brunck, o síndico


Brunck foi eleito como síndico do Condomínio “O Sol”. Mantinha relação desconcertante com os condôminos por atuar como se estivesse em luta permanente. Trazia de sua empresa a experiência da concorrência e do lucro. O Mercado, como uma instituição que atravessa cada um e sustenta parte da História da Humanidade, para Brunck, foi sempre a forma de viver e de orientar tudo na vida. Brunck expressava seus desejos na forma como se relacionava com as pessoas: o domínio e a capacidade de comandar tudo o que estava ao seu redor.

Brunck, em sua movimentação autocrática, não conseguira interpretar as formas segundo as quais a Política e o Mercado se assentam na vida humana. Enquanto a Política é o fórum de coletivização [lei para todos, impostos para todos, decisões políticas para todos], o Mercado fia o tecido da distinção, da diferenciação, da seletividade, do indivíduo individualizado. A mistura dos fundamentos da Política e do Mercado é o berço que embala a prepotência, a arrogância e severas condutas personalistas.

Brunck causou desconforto e fez sacudir as relações condominiais naquele leste. Considerava que poderia determinar um conjunto de referências de comportamento e alterar estruturas de convivência estabelecidas há muito no decorrer das transações sociais entre os moradores. O ápice de sua postura se revelara quando impôs aos moradores a forma segundo a qual deveriam limpar suas residências e as formas de relacionamentos dentro de cada unidade habitacional. Cada um deveria seguir exigências estabelecidas sem critérios objetivos, obscuros, sem consulta aos condôminos, e de acordo com situações descompassadas mostradas em tabelas coloridas. Como Brunck se manifestava de modo autocrático, valia o que acredita. Seu pensamento era suficiente, suas crenças deveriam valer para todos e seus desejos eram espelhos de verdades não enxergada pelo resto de “O Sol”.

Brunck passou a impor a quantidade de vezes que uma unidade habitacional deveria ser limpa no mês, quantidade e tipos de produtos, quantidade de horas, a cor dos sacos de lixo a usar etc ...

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Brunck, em sua movimentação autocrática, não conseguira interpretar as formas segundo as quais a Política e o Mercado se assentam na vida humana. Enquanto a Política é o fórum de coletivização [lei para todos, impostos para todos, decisões políticas para todos], o Mercado fia o tecido da distinção, da diferenciação, da seletividade, do indivíduo individualizado. A mistura dos fundamentos da Política e do Mercado é o berço que embala a prepotência, a arrogância e severas condutas personalistas.

Brunck causou desconforto e fez sacudir as relações condominiais naquele leste. Considerava que poderia determinar um conjunto de referências de comportamento e alterar estruturas de convivência estabelecidas há muito no decorrer das transações sociais entre os moradores. O ápice de sua postura se revelara quando impôs aos moradores a forma segundo a qual deveriam limpar suas residências e as formas de relacionamentos dentro de cada unidade habitacional. Cada um deveria seguir exigências estabelecidas sem critérios objetivos, obscuros, sem consulta aos condôminos, e de acordo com situações descompassadas mostradas em tabelas coloridas. Como Brunck se manifestava de modo autocrático, valia o que acredita. Seu pensamento era suficiente, suas crenças deveriam valer para todos e seus desejos eram espelhos de verdades não enxergada pelo resto de “O Sol”.

Brunck passou a impor a quantidade de vezes que uma unidade habitacional deveria ser limpa no mês, quantidade e tipos de produtos, quantidade de horas, a cor dos sacos de lixo a usar etc. Os moradores ficaram perplexos pela atitude e abismados pela punição: sobretaxação no valor do condomínio. Um a um os moradores foram conversar com Brunck para entender a origem desse “infortúnio” e os motivos desse “desalento”. As respostas dadas foram desencontradas sobre a imposição de “Limpeza Brunck”.

Não era possível deslizar pacificamente naquela condição e os condôminos passaram a trocar informações entre si, a se aproximarem e a criar rotas de convivência nos corredores onde se encontravam. Não admitiam que Brunck pudesse impor a forma de viver em cada unidade. Como dependiam uns dos outros para viver em paz, passaram a se encontrar mais vezes. Conheceram-se mais. Tinham problemas a resolver. Alguns podem ser resolvidos com conversas em esforço orientado aos problemas e não aos indivíduos: estes podem ser eliminados. Há os que podem ser evitados com respeito mútuo entre os envolvidos e planejamento comum. Há problemas que não podem ser evitados e nem eliminados, o que condiciona processos adaptativos, como efeitos extremos da natureza. Brunck recuara em momentos decisivos ainda que insistisse em algum tipo de regra de limpeza. Momentos difíceis foram gerados e todos passaram a pensar intensamente sobre suas formas de viver em condomínio. Ninguém aceitou que outra pessoa poderia dizer como limpar sua casa.

Sérgio S. Januário

Mestre em Sociologia Política


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