Você já teve a sensação de que os dias estão passando rápido demais e, mesmo assim, parece que você não viveu nada? Já chegou ao fim da semana sem saber exatamente o que fez nos últimos dias? Essa sensação de estar apenas “funcionando”, sem realmente viver, é mais comum do que parece e cada vez mais presente na vida de quem está sobrecarregado, ansioso ou emocionalmente esgotado.
Muitas pessoas hoje não estão exatamente vivendo: estão apenas sobrevivendo. Levantam, trabalham, cuidam das obrigações, respondem mensagens, resolvem pendências e... recomeçam no dia seguinte. O tempo todo no modo “piloto automático”, desconectadas das próprias emoções, das relações e do presente.
Isso não acontece por acaso. Vivemos numa cultura que valoriza a produtividade acima de tudo. Desde cedo, aprendemos a não parar, a não sentir demais, a não demonstrar fragilidade. O tempo ...
Muitas pessoas hoje não estão exatamente vivendo: estão apenas sobrevivendo. Levantam, trabalham, cuidam das obrigações, respondem mensagens, resolvem pendências e... recomeçam no dia seguinte. O tempo todo no modo “piloto automático”, desconectadas das próprias emoções, das relações e do presente.
Isso não acontece por acaso. Vivemos numa cultura que valoriza a produtividade acima de tudo. Desde cedo, aprendemos a não parar, a não sentir demais, a não demonstrar fragilidade. O tempo livre vira sinônimo de preguiça. O descanso é culpa. O silêncio, incômodo. A mente, então, passa a viver no futuro: no próximo compromisso, no próximo e-mail, na próxima conta. E o presente vira só uma ponte, nunca um lugar de permanência.
O grande problema é que viver assim, por muito tempo, cobra um preço. O corpo começa a dar sinais: insônia, cansaço constante, irritabilidade, crises de ansiedade, falta de motivação, sensação de vazio. Emoções reprimidas não desaparecem; elas se acumulam. E, em algum momento, vão transbordar, seja por meio de um sintoma físico ou de um colapso emocional.
Sair do automático exige coragem. É preciso reaprender a olhar para dentro, a dar nome ao que sentimos, a permitir pausas sem culpa. Pequenos gestos já fazem diferença: respirar fundo antes de reagir, observar o próprio corpo durante o dia, prestar atenção nas conversas, perceber se o que estamos fazendo tem sentido ou é só mais uma obrigação.
Também é fundamental compreender que pedir ajuda não é sinal de fraqueza, é um ato de cuidado. A terapia não é apenas um recurso para momentos de crise, mas uma ferramenta para viver com mais consciência, presença e verdade.
Estar presente significa, muitas vezes, abrir mão do controle. É permitir-se sentir o que está ali, mesmo quando não é confortável. É aprender a escutar os próprios limites antes que o corpo precise gritar. Viver com presença não é viver sem dor, é viver com inteireza, mesmo nos dias difíceis.
No fim das contas, talvez a grande pergunta não seja “o que você está fazendo da sua vida?”, mas sim: “você está aí, dentro da sua própria vida?”. Porque mais do que sobreviver aos dias, merecemos habitá-los. Com consciência, com sentido, com verdade.