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O voto direto e secreto
A oligarquia Konder firmou-se no cenário político itajaiense no confronto direto com a oligarquia Müller. Foi uma ‘guerra de posições’ travada palmo-a-palmo, trincheira-a-trincheira, iniciada ainda no interior do PRC - Partido Republicano Catharinense. Na medida em que os ‘Irmãos Konder’ iam consolidando posições, fincavam aqui e ali esteios de uma política conservadora que se estenderam até a UDN – União Democrática Nacional. Na trincheira oposta os representantes da Oligarquia Müller abriam o cenário itajaiense para novas práticas políticas, o voto direto e secreto, criação de partidos oposicionistas e o voto feminino. A primeira eleição direta e secreta nas terras itajaienses ocorreu em novembro de 1925 quando os sócios da Sociedade Limoeirense elegeram Damásio Umbelino de Brito seu presidente. O exemplo começou a dar frutos, com diversas outras instituições classistas e recreativas adotando o sistema eleitoral liberal. À frente da campanha pública pelo voto direto e secreto estavam o jornal O Pharol e os militantes políticos vinculados à liderança de José Eugênio Müller. No outro lado, tentando manter o voto aberto e indireto, o grupo liderado pelos Irmãos Konder. A primeira instituição de grande porte a adotar o voto democrático foi a Associação Commercial e Industrial de Itajahy que, em maio de 1929, elegeu Bonifácio Schmitt presidente. Uma conquista expressiva, já que a luta ideológica nos bastidores foi acirrada e prolongada. Os partidários dos Konder não queriam eleição direta, nem secreta e, muito menos, que os empresários do setor agrícola se filiassem à instituição. Isso porque, era ali, no setor agrícola, onde mais se destacavam as lideranças oposicionistas. Em fevereiro de 1931 os liberais itajaienses deram mais uma demonstração pública em defesa de suas ideias elegendo democraticamente os representantes para a convenção estadual do partido: José Eugênio Muller, Arão Rebello, Alberto Pedro Werner. A ideia acabou prevalecendo em todo o território nacional, mas não sem antes tropeçar na prática do famoso jeitinho brasileiro. A eleição de maio de 1933, por exemplo, ocorreu pelo sistema do voto direto e secreto, mas os liberais itajaienses denunciaram que o envelope onde o eleitor colocava o voto para ir à urna era totalmente transparente. Esse pequeno detalhe possibilitou que os fiscais dos conservadores, na prática, conseguissem controlar o voto dos seus eleitores.