Colunas


O adeus do ocaso


O “meu” cachorro velhinho e doente morreu. Um dálmata de cerca de 14 ou 15 anos, a dona não sabia ao certo, estava muito, muito doente. Tinha reumatismo crônico nas juntas, com grandes inchaços logo acima das patas e quase não conseguia andar. Ele vivia numa casa quase perto da minha e eu via o seu sofrimento.

Não conhecia a sua dona, mas mesmo assim falei com um farmacêutico que também cuidava de animais já bem velhinhos e sabia o que fazer, e ele me indicou remédios para o “nosso” dálmata: antirreumático, análgésico, antibióticos, etc. E eu levava todos os dias os pedaços de comprimidos dentro de uma salsinha ou de um pedaço de carne, levava biscoitos caninos e ele comia. Alternava os tipos de remédios, conforme indicação.

No começo, quando comecei a levar os remédios, ele tinha muita dificuldade de levantar e ir até perto da cerca para pegar o que lhe oferecia, pois eu não podia entrar, só o dálmata e mais outro cão ficavam na casa e o portão ficava fechado. E ele começou a melhorar, levantava com um pouco menos de dificuldade.

Um dia, calhou de encontrar lá a dona da casa, que levava comida e água para os cães. Falei com ela e disse-lhe que estava dando remédios para o cão doente e velho e ela disse que estava feliz, porque o cão, que quase não comia mais, estava comendo bem. Então lhe disse que também tinha percebido a sua melhora, que ele estava comendo porque agora conseguia chegar até a comida.

A dona é uma pessoa simples, também dava um remédio para ele, mas um remédio que não resolvia o problema do cão, não lhe diminuia a dor. Ela tinha boa intenção, gostava dos cães, mas não morava na casa, então não estava sempre por perto.

E apesar da constância na adminstração dos remédios, o dálmata foi piorando de novo, não vinha mais até a cerca para pegar a comida com o remédio então eu enfiava meu braço através das barras com espaço exíguo entre elas e tentava jogar a salsicha com o remédio para perto dele. Nos primeiros dias deste tiro ao alvo, ele se arrastava e pegava a comida, se não caísse muito longe. Depois de algum tempo, mesmo que caísse perto, ele não ligava.

Num desses dias, encontrei de novo a dona lá, e ela estava desesperada, porque ele não estava comendo mais. Viu a salsicha com o remédio e ofereceu a ele, mas ele não quis. Ela então colocou na sua garganta e ele engoliu. Tentou fazer isso de novo, depois, mas no dia seguinte, quando chegou, ele estava morto.

“Nosso” dálmata vellhinho se foi. Ele sofria muito, já não queria mais viver. Sentia muitas dores e a sua idade não ajudava, seu tempo já estava vencendo. Fico muito triste, pois me lembro de nosso Xuxu, que também morreu de velhinha, com 20 anos, e sofreu muito, pois não tivemos coragem de abreviar-lhe o sofrimento.

Espero ter conseguido diminuir a dor, pelo menos por algum tempo, do “nosso” dálmata velhinho. Ele certamente está no céu dos cachorros, onde deve ter encontrado Xuxu e a mãe dela, Dona Menina. Saudades.


Conteúdo Patrocinado


Comentários:

Deixe um comentário:

Somente usuários cadastrados podem postar comentários.

Para fazer seu cadastro, clique aqui.

Se você já é cadastrado, faça login para comentar.

ENQUETE

O que você acha da privatização da Marejada?



Hoje nas bancas

Confira a capa de hoje
Folheie o jornal aqui ❯


Especiais

Verde-amarelo em disputa e pautas "invertidas" marcam 7/9 antes de julgamento de Bolsonaro

SETE DE SETEMBRO

Verde-amarelo em disputa e pautas "invertidas" marcam 7/9 antes de julgamento de Bolsonaro

Malafaia usa Bíblia para transformar investigação em provação divina

Nos cultos

Malafaia usa Bíblia para transformar investigação em provação divina

Guerra no Congo e o silêncio da comunidade internacional diante de 10 milhões de mortes

CONFLITO INTERNACIONAL

Guerra no Congo e o silêncio da comunidade internacional diante de 10 milhões de mortes

Como lema da esquerda foi pego por bolsonaristas e virou mote no 7 de setembro

Anistia

Como lema da esquerda foi pego por bolsonaristas e virou mote no 7 de setembro

“Bolsonaro ainda é insubstituível”: antropóloga analisa os rumos da extrema direita

EXTREMA DIREITA

“Bolsonaro ainda é insubstituível”: antropóloga analisa os rumos da extrema direita



Colunistas

Quais benefícios do INSS podem ser concedidos a quem tem sequelas de acidentes?

Direito na mão

Quais benefícios do INSS podem ser concedidos a quem tem sequelas de acidentes?

Itajaí estuda privatizar “comando” de escolas municipais

Charge do Dia

Itajaí estuda privatizar “comando” de escolas municipais

Coluna Esplanada

Escândalo nacional

Alertas para o próximo verão

Coluna Acontece SC

Alertas para o próximo verão

O peso que ninguém vê: sobre o cansaço invisível

Ideal Mente

O peso que ninguém vê: sobre o cansaço invisível




Blogs

Ballet para os pequenos

Blog da Jackie

Ballet para os pequenos

João Paulo com Vicari

Blog do JC

João Paulo com Vicari

Mr. Olympia Brasil Expo 2025 espera receber mais de 25 mil pessoas

A bordo do esporte

Mr. Olympia Brasil Expo 2025 espera receber mais de 25 mil pessoas






Jornal Diarinho ©2025 - Todos os direitos reservados.