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Quem ensina sempre aprende
A frase tanto pode ser atribuída a Anísio Teixeira quanto a Guimarães Rosa. Ambos afirmaram que quem ensina sempre aprende. É uma realidade indiscutível.
Com a experiência de mais de 55 anos de magistério, posso afiançar que o ato de lecionar, de forma consciente, obriga o professor a uma preparação prévia e contínua. Deve estar atualizado, inclusive para enfrentar com sucesso as demandas em classe dos seus alunos, hoje às voltas com as múltiplas informações da televisão e dos computadores.
O tema foi objeto de um seminário para 400 professores e gestores da rede privada, promovido pelo Ético Sistema de Ensino, da Editora Saraiva, no Hotel Othon do Rio de Janeiro. O encontro de educadores foi balizado pela frase Venha ensinar, aprender e compartilhar saberes, objetivo plenamente alcançado pelo evento.
Na fala inaugural com muita propriedade, dada a sua longa experiência , o professor José Arnaldo Favaretto, especialista em Biologia e fundador do Sistema Ético, confessando-se apaixonado pela educação, defendeu a existência de uma escola mais completa e inclusiva. Citou diversos autores brasileiros, demonstrando o seu grande apreço pela leitura, mas revelou a grande dificuldade com que se deparam os mestres: eles devem ensinar hoje o que não aprenderam na escola. O conhecimento dobra a cada cinco anos e, parafraseando Guimarães Rosa, hoje já é amanhã.
Se o professor não tiver uma atualização permanente (e haja tempo para isso), perderá a batalha da eficiência. Haverá alunos com conhecimentos mais avançados e isso provoca uma situação incômoda em sala de aula. Vivemos um mundo de imersão digital, querendo ou não, como disse o professor Favaretto, com as suas características de portabilidade, interatividade, conectividade e multifuncionalidade. Quem não estiver preparado para isso terá dificuldades talvez insuperáveis para exercer com brilho a sua missão.
Veio à tona o comentário sobre os avanços palpáveis da tecnologia. (...) Aí é que entra o papel do professor e a sua responsabilidade. Ele não pode ser culpado se a escola fracassa em sua missão de educar, como querem alguns.
* O autor é doutor em Educação e membro da Academia Brasileira de Letras