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Matar, matar e matar
Quem se der ao trabalho de analisar as notícias policiais publicadas nos jornais da região constatará que, ou temos a Polícia Militar mais preparada ou a mais assassina do mundo. Ela é preparada para matar. Por mais que se tente não consegue alvejar pernas, braços, nádegas, mãos. Quando atiram, e atiram bastante, invariavelmente, apenas acertam na cabeça e no peito, repetidas vezes. Atiram para matar.
Com certeza são horas e horas de treinamento para matar. Talvez para economizar despesas médicas e hospitalares com os meliantes. Por certo buscam evitar que ele sofra com as dores causadas pelos projéteis de chumbo quente no corpo humano em locais não vitais. É mais ou menos aquele estilo xerifão do velho Oeste. Se sacar a arma alguém morrerá, não interessa quem, alguém há de cair morto.
Ironias a parte, o que ocorre é que a Polícia Militar está extrapolando em suas atribuições institucionais e com a cumplicidade do comando militar e da próxima sociedade que acha que bandido tem que morrer mesmo e fim de papo. Mas bandido, pouco importa o grau de periculosidade, tem que ser preso pela polícia e julgado pela justiça e ser for condenado tem que cumprir a pena imposta. Agora, o que precisa acabar é com a barbárie instalada onde a polícia é o delegado, o juiz e o carrasco. Assim não dá!
Dou um exemplo: Em nossa cidade, a Polícia Militar deu uma batida em um muquifo, uma kitinete, onde morava um rapaz menor de idade, sob a acusação de que traficava drogas. Traficava mesmo. Mas é traficante pé-de-chinelo que vendia 10 ou 20 pedras de crack para a vizinhança. E merece ser preso pelo crime que decidiu cometer.
Bem, a polícia que mata, chegou à kitinete do rapaz metendo o pé na porta e encheu ele de pancada. Esse rapaz morreu pelo menos quatro vezes naquela batida. Um imbecil fardado, do tamanho de um elefante, por mero prazer esganava o guri pelo pescoço, suspenso no ar até que perdesse os sentidos. Os sádicos fardados, não satisfeitos, por duas ou três vezes, meteram uma sacola plástica de supermercado na cabeça desse moleque e o sufocaram até que perdesse os sentidos, não antes sem se debater pela agonia pelo que estava passando. Desnecessário dizer que aquele infeliz, já pagou além da conta por qualquer crime que por ventura fosse culpado.
O que os policiais fizeram tem nome e se chama tortura. Essa barbárie tem que ser fortemente condenada e combatida pela sociedade e pelas autoridades até mais do que próprio crime praticado pelo torturado. Algo precisa ser feito e com urgência para punir os torturadores e matadores fardados, acuando-os, assim como todo o comando militar, para que façam cessar as barbaridades cometidas pelos seus comandados.
Mas há mais culpados nesse massacre policial da atualidade. Há cumplicidade tácita, quase explícita, dos promotores públicos, dos magistrados e principalmente dos advogados que sabem dos fatos, mas se silenciam e não denunciam os crimes cometidos pelos fardados. Quanto aos advogados, não são advogados, mas sim meio advogados. A ausência da direção da OAB local de questões importantes para a sociedade colabora para que a classe advocatícia também se acomode e se acovarde diante do massacre aos direitos individuais da atualidade
Inocentes, mesmo que culpados de algum crime estão sendo torturados e executados. Acreditem, pois tudo é questão de tempo. A morte baterá em nossa porta, como está batendo em muitas portas de nossa cidade. E passaremos o mesmo drama pelo qual passam os pais, mães, tios e irmãos que tiveram seus parentes executados ou torturados por policiais. Talvez aí seja tarde para reagir e denunciar, pois a sociedade estará mais entorpecida do que já está.
De minha parte, não aceito, não concordo e denuncio essa anomalia onde toda a sociedade acaba perdendo. Faço questão de ressalvar os bons policiais que são a maioria da corporação militar, deslustrada por alguns psicopatas sádicos fardados.