Colunas


Euros, dólares e o meu emprego


A palavra da vez é “crise”. Se olharmos conceitualmente encontraremos diversos significados. E você, o que entende por crise? Em nossa vida provavelmente já passamos por algum tipo de crise, nem que seja financeira. E é justo sobre esta crise que gostaria de conversar. Pois, em 2008 acompanhamos a crise econômico-financeira que talvez esteja numa nova fase. Agora, se a crise da zona do euro será a última é difícil de prever. Portanto, questionam-se os intelectuais querendo saber que capitalismo emerge da atual crise. Como também, volta à tona o debate do socialismo e do estado forte.

O que temos depois de um ano do “esforço coletivo”, que foi a convocação de apertarem o cinto e salvarem os bancos, e evitando que os países fossem tragados numa enorme crise financeira mundial, é a Europa novamente em um novo aperto. Sendo que agora é para salvar a Grécia e a própria pele. Doravante, o que era uma crise econômica já está virando uma crise política, com partidos e governos sob pressão. Os 16 países que adotaram o euro e 11 anos posteriores sua criação, observam que o objetivo da união monetária não foi atingido: uma Europa econômica e politicamente forte.

Contudo, num recente artigo, o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, afirma que a luta de classes está de volta à Europa e desta vez é o capital financeiro quem declara guerra ao trabalho. Segundo o sociólogo, temos que levar em conta dois fatos novos: a fragmentação do trabalho e a sociedade de consumo que ditaram a crise dos sindicatos. Explicando que é difícil a identificação do trabalhador como trabalhadores, e por isso os sindicatos terão que partilhar sua luta com os movimentos de mulheres, ambientalistas, de consumidores, de direitos humanos, de imigrantes, contra o racismo, a xenofobia e a homofobia. Já que todos são trabalhadores.

E, por fim, não há economias nacionais na Europa, portanto, a resistência ou é europeia ou não existe. Com isso, os movimentos e as organizações devem se articular para mostrar aos governos e pedir à União Européia que não vincule o capital produtivo com o capital financeiro, que, segundo Boaventura, será um novo fascismo. O também sociólogo Alain Tourain escreve dizendo que: a construção europeia tropeça no neoliberalismo, cujos centros estiveram e estão nos Estados Unidos e no Reino Unido, países que tiraram da Europa toda autoridade e a transferiram para os bancos. Por conseguinte, a crise da Europa poderá surtir efeitos até na rua onde moro. Seja numa simples conversar ou em algum aspecto econômico.

O economista francês Dominique Plihon apresenta as transformações do capitalismo nos últimos anos: o domínio das finanças e a especulação acima dos Estados, a perda do poder político frente ao poder financeiro, a consequente degradação da democracia, o aumento dos déficits, a dívida e a pobreza. Segundo Plihon, os estragos financeiros têm relação à impunidade e o apetite de dominação. E as finanças acabam fagocitando o conhecimento, a política e o social. Depreendo dizendo que não é hora de pânico, e sim de refletirmos sobre essa atual crise.


Conteúdo Patrocinado


Comentários:

Deixe um comentário:

Somente usuários cadastrados podem postar comentários.

Para fazer seu cadastro, clique aqui.

Se você já é cadastrado, faça login para comentar.

ENQUETE

Secretaria de Educação de Itajaí está certa em “barrar” o Halloween nas escolas municipais?



Hoje nas bancas

Confira a capa de hoje
Folheie o jornal aqui ❯


Especiais

Entre a polícia e o tráfico, moradoras do Complexo da Penha ficam com os escombros

RIO DE JANEIRO

Entre a polícia e o tráfico, moradoras do Complexo da Penha ficam com os escombros

Inteligência, participação social e coordenação: como combater o crime sem chacinas

CHEGA DE CHACINAS!

Inteligência, participação social e coordenação: como combater o crime sem chacinas

Nascidos no caos climático

NOVA GERAÇÃO

Nascidos no caos climático

Afinal, quanto dinheiro o Brasil recebeu de financiamento climático?

CLIMA

Afinal, quanto dinheiro o Brasil recebeu de financiamento climático?

Boulos substitui Macêdo com desafio de levar temas sociais para Secretaria da Presidência

ESCALA 6X1

Boulos substitui Macêdo com desafio de levar temas sociais para Secretaria da Presidência



Colunistas

Rubens com a faca e o queijo na mão

JotaCê

Rubens com a faca e o queijo na mão

Novembro Azul

Charge do Dia

Novembro Azul

Queridonas

Jackie Rosa

Queridonas

Amanhecer

Clique diário

Amanhecer

Criador e criatura

Via Streaming

Criador e criatura




Blogs

Bolsonarismo sem os Bolsonaros

Blog do Magru

Bolsonarismo sem os Bolsonaros

Zé Carioca

Blog do JC

Zé Carioca



Podcasts

Ventos podem chegar a 80 km/h na região

Ventos podem chegar a 80 km/h na região

Publicado 07/11/2025 16:29





Jornal Diarinho ©2025 - Todos os direitos reservados.