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Caravana pelo Código Ambiental (parte II)
Dos depoimentos ouvidos pela Comissão Especial, o que mais me chamou atenção foi o do índio Silvio da Silva, cacique da tribo Macuxi, líder de 51 comunidades indígenas, com 10 mil indígenas em 1,7 milhões de hectares da reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima.
A declaração do indígena foi que as autoridades brasileiras deveriam conhecer Roraima e sentado à mesa com os agricultores e com os índios, pacificamente, e que assim, acreditam, nunca teriam criado a área continua Serra do Sol. A manifestação do cacique criticou o Congresso Nacional quando disse “continuam inventando muita legislação ambiental, prejudicando também o povo indígena e não podemos fazer nada por que a lei está feita”, completou.
Silvio da Silva relatou com indignação que os agricultores foram expulsos e não se produz mais o arroz que gerava emprego para muitos indígenas naquela região. E a indagação do cacique foi “o que vamos fazer agora com tanta terra? Para o governo índio não é gente”. E continuou relatando que onde os agricultores plantavam não tinha mato, mas tinham bichos porque tinha comida e, hoje, não tem mais nada. “Será que o governo quer 10 mil índios disputando comida com os urubus? Será que é isso que a Funai quer?”, relatou inconformado o cacique.
Do indígena, escutei ainda que hoje a área demarcada não têm pássaros, não tem caça, não tem emprego, nem arrozais e os índios deslocam-se para a cidade em busca de emprego. Lá, nos centros urbanos, a realidade difere muito da vida indígena em comunidade e as dificuldades cotidianas prevalecem. O cacique relatou a dificuldade que eles tem em compreender as posturas do atual governo afirmando que “a miséria é tanta, não temos autorização para plantar pois agora pelas leis do Código Florestal Brasileiro, as terras indígenas estão numa tal de Área de Preservação Permanente”.
Foi com essa declaração que deixei a última audiência pública da Comissão Especial realizada na cidade de Boa Vista e multipliquei minha certeza de continuar essa luta a favor de um Código Ambiental justo para todos os brasileiros, para o meio ambiente e para a produção. A luta precisa continuar, só está começando.