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Uma mulher, um projeto, uma decisão
Numa tarde ensolarada, ela vem descendo a rua, com passos seguros, mostrando aos outros que sabe o que quer e para onde vai. Ao olhar o celular percebe que o namorado está ligando, e com um sorriso no rosto o atende. Mas a primeira frase que escutou foi: onde você está? Estou escutando barulho, está na rua?.
Diante dos questionamentos desanimou e ficou fria. Mais uma crise de ciúmes! Não queria mais isso, já tinha esgotado todas as argumentações nas ocasiões anteriores. O comportamento enciumado do namorado explicitou a contradição de como é seu relacionamento e como gostaria de viver. Nessa mesma noite botou um ponto final no namoro.
Ao tomar essa atitude, deixou claro que não está mais disposta a desperdiçar seu tempo num relacionamento que não a realiza e abre espaço a novas oportunidades em sua vida. Agora sabe que precisa escolher melhor com quem se relacionar.
Já fazia algumas semanas que refletia sobre si, sua história e seus projetos, por fim se deu conta que desde sua infância foi educada dentro de uma ética em que o respeito ao outro, honestidade, carinho e se doar na relação é o correto.
Com esses valores criou projetos em que as afinidades do casal se fazem necessárias. No entanto, nas diversas vezes em que conversou com o namorado sobre o absurdo das crises de ciúmes, visto que ela não dava razão para tal, não encontrou nas qualidades dele o companheiro que desejava. O tempo só lhe mostrou que a contradição se manteve e o que colheu foi desapontamento e mágoa. Quando o futuro foi extrapolado pelo vazio e pela perda do desejo, o término foi a saída.
O exemplo aqui citado é de uma mulher que sabe das dificuldades de criar e manter uma relação amorosa, da necessidade de conversar, ceder, orientar, criar ambiente propício ao amor, mas que tem claro seu limite. Que não vai inviabilizar sua vida, seus projetos, nem pagar pelo que não fez, porque o outro, através dos seus próprios problemas, medos, ciúmes descabidos e preconceitos, não aceitou o modo de vida que ela deseja.
Ela não foi egoísta, foi sincera consigo. Provavelmente não vai encontrar o príncipe encantado, até porque não está procurando por um. Não quer alguém acima, nem abaixo, mas um companheiro que possa compartilhar ao seu lado a jornada da vida.