Artigos
Por Artigos -
Os lados do Impeachment
O que você viu na mídia é que um lado (Dilma), fez o absurdo de negociar cargos, ministérios e até dinheiro, mesmo, pra não perder na votação do impeachment na Câmara.
O que você não viu na mídia, é que os dois lados fizeram isso. Sim, os dois lados. E se havia mais lados, fez assim também. Não porque Dilma ou Temer sejam horríveis, pessoas do mal. Não. É porque o sistema funciona assim.
Na sua cidade e no governo do seu estado é assim também. Salvo exceções. A regra é essa. Talvez inclusive você que está me lendo agora já tenha se beneficiado de alguma negociação parecida. Ou um parente. Ou um amigo. Desculpa falar assim, com todo respeito. É que quando falo que a corrupção é sistêmica, isso inclui eu e você. Papo reto, bem de boa.
Voltando a Brasília. Dilma negociou com a caneta que está em suas mãos e Temer com a caneta que ainda nem está. No mercado futuro, talvez com taxas melhores aos investidores, pelo risco. Vendendo esperança. Um novo Brasil. Como fez com a população. Olha você e eu aqui de novo.
Dessa vez, Dilma não tinha esperança em estoque pra negociar. Muita demanda, quase nada em oferta, sabe como é.
Provavelmente os dois tinham pra negociar não só cargos, ministérios inteiros, contratos especialmente rentáveis. Mas também uma moeda extremamente valiosa nesse tipo de business: tempo de TV.
Sabe quanto custam 30 segundos na Globo? Pois é. Imagina vários minutos, em todas emissoras, em rede nacional, durante dias.
Tudo isso vale muito, certo? Certo. Muito dinheiro, muito poder.
Dilma e Temer estariam meio que empatados, se tivessem apenas as mesmas moedas pra fazer o escambo. Ela com a caneta, mas com as ações em queda. Ele sem a caneta, mas com as ações em alta.
Aí, gostaria de entender:
1) O que fez com que cerca de 3/4 dos deputados, que votaram ontem no impeachment e que são também denunciados na Lava Jato, votassem de um jeito que tira a caneta da mão de Dilma e passa pra mão de Temer & Cunha
2) O que fez o Partido Progressista, o PP, partido mais enrolado na Lava Jato até o momento (ah que você não sabia disso ainda?), peça fundamental no time governista até os 44 do segundo tempo, sair correndo pro vestiário no último minuto de jogo, em plena decisão de campeonato.
3) Que moeda fez diferença nesse jogo?
4) Quanto vale se livrar da prisão em uma negociação política?
5) Isso existe? Ou é lenda urbana? Porque a lenda, o falatório, a suspeita, isso existe.
6) E se existe, como funciona?
Eu queria aproveitar e mandar um beijo pra minha mãe, um beijo pro meu pai, um beijo pro meu filho, um beijo pra minha irmã, pro meu cunhado, pro meu sobrinho, pro meu afilhado, pra Curitiba, pro meu cachorro, pro meu gato e pra todo mundo que teve coragem de encarar mais esse textão no Facebook.