A cadela Shine, que foi violentada por um empresário de Navegantes, estava longe do seu lar quando foi abusada. A informação é da Polícia Civil. O tutor estava com a casa passando por reforma e deixou o animal sob os cuidados na casa de um parente. Foi esse parente que cometeu os abusos em Shine.

O delegado Osnei Valdir, responsável pela investigação, não soube precisar por quantos dias a cadela permaneceu na casa do homem nem quantas vezes foi abusada. O acusado já foi intimado a prestar depoimento ainda nesta semana. Testemunhas que flagraram os abusos já foram ouvidas pela Polícia Civil.

Segundo a polícia, a denúncia chegou na segunda-feira à noite ao Departamento de Assistência e Bem-Estar Animal (Daba). Na terça de manhã, servidores do Daba e da secretaria de Proteção e Cuidado Animal foram ao local junto com a Polícia Civil para checar a situação.

Dono da cadelinha não é o abusador

A cadela foi resgatada como vítima de maus-tratos e zoofilia. “O Daba recebeu, junto com a denúncia, imagens (fotos e vídeo) do abuso ao cão. O material foi encaminhado à Polícia Civil, que instaurou inquérito e está responsável pelo caso. A Shine é da raça dog alemão, uma cadela adulta, com idade estimada entre dois e três anos”, informou a secretaria de Proteção e Cuidado Animal.

Com a repercussão do caso, o tutor do animal passou a receber mensagens de ameaça pelas redes sociais, como se fosse o autor da zoofilia. “Ele é um cachorro bem conhecido dos moradores. Estamos instaurando procedimento pra apurar essas ameaças. O tutor irá formalizar os boletins de ocorrência para que essas pessoas sejam responsabilizadas em relação às ameaças”, adiantou o delegado.

O abusador da cadela, se for condenado pelo crime de maus-tratos a animais, pode pegar de dois a cinco anos de prisão, pagar multa e ter proibição da guarda para cães e gatos. A pena pode ser aumentada de um sexto a um terço se o crime resultar na morte do animal.

Também tramita no Senado Federal o projeto de lei 1494 de 2021, que quer alterar leis ambientais para tipificar o crime de zoofilia. Quando sancionada, a pena por praticar ato libidinoso ou ter relação sexual com animal de qualquer espécie será de reclusão de dois a seis anos, multa e proibição da guarda. Também existe previsão de a pena ser aumentada até o dobro se acontecer a morte do animal.

Lar temporário

Enquanto a Polícia Civil investiga o caso, Shine ficará num lar temporário. Interessados em oferecer abrigo podem procurar o Daba, que fica na rua Alice Hostim, 132, bairro São Domingos, ou ligar para (47) 99281-1273. O atendimento é das 8h às 12h e das 13h às 17h, em dias úteis.

Caso de embrulhar o estômago

Segundo Sorilei Dapper, secretária de Proteção e Cuidado Animal, as fotos dos abusos circularam na internet e geraram indignação. Nas imagens, o homem aparece nu sobre a cadela, ao lado de um pilar de concreto. Ainda conforme Sol, a polícia suspeita que esse pilar, com uma corda amarrada, era usado para prender o animal durante as agressões. Shine também ficava presa a uma corrente no restante do tempo, segundo os agentes.

Sol contou que, quando a denúncia chegou ao Daba, os veterinários a princípio reagiram com incredulidade, mas logo foram tomados por nojo e revolta ao verem as imagens. “O semblante do doutor Matheus era de tristeza. Ele não conseguiu chegar ao final do atendimento porque a emoção tomou conta não só dele como de todos nós”, detalha.

“Todos mudamos de cor na hora; choramos e estávamos incrédulos diante das imagens do ato. A doutora Dafner, que finalizou o atendimento a essa gigante, disse que o episódio demonstra o dia a dia que vivemos com essas denúncias de maus tratos, diante das quais é preciso ter força e muito equilíbrio psicológico para enfrentar”, finaliza Sol.