O primeiro sobrevoo de 2025 para monitoramento das baleias-francas no litoral catarinense registrou o avistamento de cerca de 85 indivíduos da espécie. A varredura aérea, na sexta-feira, identificou 38 fêmeas com filhotes, além de oito adultos e um subadulto. Os números ainda podem ser atualizados após a revisão técnica dos dados.

A operação aérea deveria abranger toda a Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca, entre Florianópolis e Balneário Rincão. No entanto, por causa do forte nevoeiro na região de Jaguaruna, o sobrevoo foi encerrado em Balneário Arroio Corrente.

Ibiraquera e Siriú concentram maiores grupos

Em Imbituba, a área entre as praias do Rosa e Itapirubá Norte apresentou a maior concentração de baleias, principalmente em Ibiraquera. Nessa região, foram localizadas 21 fêmeas com filhotes e cinco adultos.

Já em Garopaba, o destaque foi a praia do Siriú, onde foram registradas seis fêmeas com filhotes. Um dos registros chamou atenção da equipe técnica: um filhote com coloração semi albina, raridade entre os cetáceos.

Monitoramento tem apoio de equipe multidisciplinar

O monitoramento aéreo integra o Programa de Monitoramento das Baleias-francas, promovido pela SCPAR Porto de Imbituba. A ação contou com participação de profissionais do Instituto Australis (ProFRANCA), da Acquaplan Tecnologia e da própria autoridade portuária.

“É com grande satisfação que registramos o início de mais uma temporada de monitoramento no Litoral catarinense”, afirmou Christiano Lopes, diretor-presidente do Porto de Imbituba. Segundo ele, os dados são essenciais para garantir a convivência entre a atividade portuária e a conservação da biodiversidade marinha.

De caçadas à proteção: reversão histórica

As baleias-francas foram alvo de caça predatória por séculos no Brasil. Em Santa Catarina, essa prática levou à extinção local da espécie por vários anos. “Atualmente, observamos que a população cresce ano após ano”, comentou Paulo Márcio de Souza, gerente de Meio Ambiente do Porto de Imbituba.

Segundo ele, a cidade tem um papel simbólico nessa história. “Imbituba foi a última armação baleeira ativa no estado. Temos uma dívida com esses animais. O monitoramento é também um gesto de reparação histórica”, completou.

Informações ajudam a evitar impactos nas operações

A observação aérea das baleias permite definir áreas de uso frequente da espécie nas proximidades do porto. Com isso, é possível adaptar as operações portuárias para reduzir riscos de colisão e ruídos subaquáticos.

“As informações ajudam a entender o comportamento das baleias e planejar medidas que garantam a conservação da espécie sem afetar a segurança das operações”, explicou a oceanógrafa Camila Amorim, da SCPAR Porto de Imbituba.

Monitoramento vai até novembro

A temporada de observações começou em 1º de julho e seguirá até o fim de novembro. Além dos sobrevoos, equipes realizam observações terrestres diariamente nas praias do Porto e da Ribanceira.

Segundo os dados compilados pelo ProFRANCA, a população de baleias-francas no Brasil é estimada em cerca de 800 indivíduos, com taxa de crescimento de 4,8% ao ano, resultado de duas décadas de estudos e proteção.