O chamado “cabeço do molhe sul”, parte final dos “pés de galinhas”, grandes peças de cimento utilizadas para compor o molhe, vem cedendo e uma cratera se formou no asfalto. A área já foi isolada pela Defesa Civil de Itajaí.
O problema ficou mais evidente após as seguidas ressacas que vem atingindo a cidade. O temor é que a situação se agrave e coloque em risco a navegação e a segurança dos pedestres.
Ernando Alves Junior, presidente da Intersindical, enviará na próxima semana um ofício à Superintendência do Porto de Itajaí questionando os motivos do afundamento do molhe e quais medidas estão sendo tomadas para resolver a situação.
Procurada pelo DIARINHO, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) confirmou que está ciente do problema, mas que ele não impacta a movimentação portuária. “A questão está sendo tratada pela autoridade portuária, inclusive com previsão de obra de correção. Até o momento, a operação portuária não foi impactada”, informou.
A Marinha do Brasil, responsável pela segurança aquaviária, não respondeu os questionamentos do DIARINHO até o fechamento desta matéria.
Falta dinheiro
Jucelino dos Santos Sora, diretor-geral de Engenharia da Superintendente do Porto de Itajaí, confirma que a superintendência tem conhecimento do problema. Ele diz que o porto está monitorando e fiscalizando a área, com um projeto pronto para execução de obras de melhorias, mas sem prazo para elas ocorrerem por falta de dinheiro.
A última manutenção feita no molhe de Itajaí foi em 2013. “A cada ressaca as pedras vão se movimentar e ele vai cedendo um pouco, mas não corre o risco de todo o molhe colapsar, cair...”, afirma Jucelino.
Segundo o diretor, a parte do molhe sul vem afundando desde 2012. “O molhe existe para dissipar as forças das ondas. O molhe sul é maior do que o norte, de Navegantes, porque recebe mais ondas. A cada ressaca forte, as ondas batem ali e um pouco de areia sai de baixo. O molhe está afundando, mas não representa risco à navegação e nem há risco de um colapso total”, afirma.
No final do ano passado, uma empresa contratada pelo porto fez um projeto para a recomposição do molhe. O projeto prevê que uma área de 10 metros de comprimento por 46 metros de largura precisa ser levantada na recuperação do “cabeço do Molhe Sul”. O volume de material que precisa ser recomposto é de 2.662,35 m³, o equivalente ao peso aproximado de 6650 toneladas. O custo seria de R$ 1 milhão.
“O projeto apresentado prevê o uso das pedras excedentes do molhe norte para serem utilizadas no molhe sul. Como estamos com baixa movimentação no porto, não vamos fazer a obra agora. O projeto custa mais de R$ 1 milhão e precisamos ter caixa para execução das melhorias”, justifica.
Isolamento preventivo
Jucelino ainda alega que as faixas de isolamento colocadas no final do molhe não são pelo risco de a estrutura afundar, mas para segurança das pessoas que circulam ali. “O isolamento não é por conta de colapso do molhe; mas para o risco de alguém cair com a força das ondas. Elas precisam tomar cuidado para não caírem ou serem arrastadas pela força das ondas. Inclusive as placas colocadas pela superintendência são constantemente vandalizadas”, conta.
Molhes foram construídos em 1900
Segundo o Portal Itajaipedia, mantido pelo escritor Magru Floriano, os molhes sul e norte foram construídos pela empresa Cobrasil nas primeiras décadas de 1900. Com a separação administrativa de Navegantes em 1962, apenas o Molhe Sul ficou no território de Itajaí.
O historiador Edison D´Ávila lembra que as obras de acesso ao porto tiveram várias etapas. Começaram em 1906 e recomeçaram em 1927. Já em 1934 houve o início da construção dos molhes sul e norte.
O molhe surgiu como uma estrutura para navegação portuária, mas com o investimento da prefeitura de Itajaí em infraestrutura, o local é utilizado para contemplação do rio e mar, caminhadas, prática de esportes, pescaria artesanal, e apreciação do nascer do sol, virando um equipamento turístico e social.