Colunas


Coluna Exitus na Política

Coluna Exitus na Política

Por Sérgio Saturnino Januário - pesquisa@exituscp.com.br

A orientação do fim


A eternidade é um dos perigos e a salvação da vida que levamos. O perigo é retrato do filme “Highlander – O guerreiro Imortal” [1986]. Traduz-se, com romantismo, o sofrimento gerado pela perpetuidade. A morte de todos os outros – amores, filhos, amigos fraternos, em contraste com a condição de infinitude provoca o acúmulo de dor, padecimento, como um flagelo. Eternidade, tão desejada diante da finitude, uma vez conquistada, torna-se um trauma psíquico [“Síndrome do Vampiro”].

Os ritos de despedida por morte de alguém amado, o afastamento pelo velório e a despedida da presença movida pelo enterro ou cremação, instala o sofrimento da inexistência presencial cotidiana. Tudo isso revela a cada um de nós, ao menos durante a cerimônia sobre a finitude, como agimos, sentimos e pensamos. Em boa parte, porque muitas vezes nossa arrogância [pessoa que se considera superior aos que lhe rodeiam, no trabalho, na família, nas amizades... aquele que não pede desculpas por seus atos sem incluir terceiros], prepotência [assumir a certeza irretocável de fatos apesar de elementos contrários] e egoísmo [apego extremo a si mesmo, desejo de controlar o sentimento alheio, ciúmes com exageros paranoicos] se revelam dolorosamente. As lágrimas têm origem na separação sem retorno e sobre nossa própria condição de mortal. Lastimamos por nós mesmos, diante da limitação de se viver.

A forma de amar as coisas e as pessoas está envolta em finitude. Considerar-se finito, terminável, dissolúvel, é maneira de nos apaixonarmo-nos pela vida e pelas vidas que nos rodeiam. ...

Já tem cadastro? Clique aqui

Quer ler notícias de graça no DIARINHO?
Faça seu cadastro e tenha
10 acessos mensais

Ou assine o DIARINHO agora
e tenha acesso ilimitado!

Os ritos de despedida por morte de alguém amado, o afastamento pelo velório e a despedida da presença movida pelo enterro ou cremação, instala o sofrimento da inexistência presencial cotidiana. Tudo isso revela a cada um de nós, ao menos durante a cerimônia sobre a finitude, como agimos, sentimos e pensamos. Em boa parte, porque muitas vezes nossa arrogância [pessoa que se considera superior aos que lhe rodeiam, no trabalho, na família, nas amizades... aquele que não pede desculpas por seus atos sem incluir terceiros], prepotência [assumir a certeza irretocável de fatos apesar de elementos contrários] e egoísmo [apego extremo a si mesmo, desejo de controlar o sentimento alheio, ciúmes com exageros paranoicos] se revelam dolorosamente. As lágrimas têm origem na separação sem retorno e sobre nossa própria condição de mortal. Lastimamos por nós mesmos, diante da limitação de se viver.

A forma de amar as coisas e as pessoas está envolta em finitude. Considerar-se finito, terminável, dissolúvel, é maneira de nos apaixonarmo-nos pela vida e pelas vidas que nos rodeiam. Somente os mal-preparados são incapazes de pedir desculpas por seus erros, por suas agressividades, pelos infortúnios causados aos outros. É preciso se sentir pelas desventuras geradas para poder abraçar pai, mãe e irmãos e amigos e sentir-se humano com os traços de humanidade: finitude.

Ao nos depararmos com um pássaro, uma flor ou uma pessoa, usamos do eterno para evitar o sofrimento do fim absoluto da relação vivida. Ao invés de notarmos ali o fim e passarmos a sofrer por esse fato, acreditamos que a finitude, o fato de que em tempo não haverá mais aquela relação, é o fato segundo o qual podemos amar a vida. Simplesmente porque, em cada existência, há o veio da finitude. Para preservar a vida e as condições de felicidade na vida, é preciso observar que o fim é a maneira de engrandecer a nossa aparição.

Tudo isso é, como parâmetro, muito acentuadamente aceitável e até revigorado nas bocas. Mas a convivência com o fenômeno de que não se existirá para sempre é o fundamento para se aliviar a natureza do fim. Podemos ser mais leves e mais confiáveis se nos ativermos à essência da existência: a morte. Não que possamos adorar a morte, mas pelo fato de que ela está em nossa trajetória, podemos adorar a vida nossa e a dos outros seres. Highlander acumulava sofrimento da eternização de si mesmo diante da finitude daqueles que amava. Não por prepotência, arrogância ou egoísmo, mas por sua natureza de existência.

Viver o máximo possível, viver bem, com leveza e simplicidade, com respeito e desprendimento, porque finito, é a guisa da vida com sorriso. Viver para sempre é obstáculo à valorização da vida, das vidas, do bem. A finitude é o prazer de se saber que o dia, cada dia, cada vida, por mais diferentes que sejam [o que é muito bom], devem levar consigo um sorriso. Qualquer eternidade se dará fora daqui!

Janus perguntara a um político que acabara de assumir um cargo: “- Preocupe-se com a estada e a oriente pela condição de como gostaria de ser visto ao deixar o cargo. Porque o cargo e o poder não lhe pertencem! O Caminho é a meta, a Vivência a vida!”

 

Sérgio S. Januário

Mestre em Sociologia Política


Conteúdo Patrocinado


Comentários:

Deixe um comentário:

Somente usuários cadastrados podem postar comentários.

Para fazer seu cadastro, clique aqui.

Se você já é cadastrado, faça login para comentar.

TV DIARINHO


🛒📊 EXPANSÃO A MIL! Fort Atacadista estreia em Penha nesta quarta-feira com uma estrutura gigante e o ...




Hoje nas bancas

Confira a capa de hoje
Folheie o jornal aqui ❯


Especiais

O que acontece com militares se condenados pelo golpe?

Expulsão, honra, pensões?

O que acontece com militares se condenados pelo golpe?

O arcebispo que via Deus no carnaval do povo

Dom Hélder Câmara:

O arcebispo que via Deus no carnaval do povo

Comida cara? Que tal trocar o modelo de produção, diz João Pedro Stédile do MST

economia

Comida cara? Que tal trocar o modelo de produção, diz João Pedro Stédile do MST

Decisão do Ibama sobre Belo Monte retoma disputa entre energia e vida tradicional no Xingu

BRASIL

Decisão do Ibama sobre Belo Monte retoma disputa entre energia e vida tradicional no Xingu

As acusações da PF contra a "cúpula do golpe" de Jair Bolsonaro

POLÍTICA

As acusações da PF contra a "cúpula do golpe" de Jair Bolsonaro



Colunistas

Faltam reforços

Show de Bola

Faltam reforços

Rosan e Claudir estão em guerra

JotaCê

Rosan e Claudir estão em guerra

Ponto de ônibus sem cobertura

Charge do Dia

Ponto de ônibus sem cobertura

Do Palácio ao PCC

Coluna Esplanada

Do Palácio ao PCC

TCE vai avaliar eficiência dos municípios de Santa Catarina

Coluna Acontece SC

TCE vai avaliar eficiência dos municípios de Santa Catarina




Blogs

Cunha (SP) confirma etapa de abertura do L'Étape Brasil em 2026

A bordo do esporte

Cunha (SP) confirma etapa de abertura do L'Étape Brasil em 2026

Ju aperta o cinto e salva o coelhinho da páscoa

Blog do JC

Ju aperta o cinto e salva o coelhinho da páscoa






Jornal Diarinho ©2025 - Todos os direitos reservados.