Colunas


Violência e aprendizado


Violência e aprendizado

Nascemos apenas com o contato umbilical de um ser gerador. Expressamos apenas a necessidade instintiva de manter a vida. Se fome, pedidos de socorro; se higiene necessária, pedidos de socorro; se quente demais, pedidos de socorro. A relação: mãos a afagar os pedidos, carinhos a acalentar o desconforto, leite a embalar a saciedade.

Em tudo passamos ao aprendizado. Aprendemos a sentir, a agir, a pensar, a fazer; a docilidade e a aceitação; a violência e o desrespeito. A língua que falamos acontece pelo aprendizado. Não poderíamos ser sozinhos. Aprendemos as regras de viver em grupo, limites da liberdade pela presença dos outros, indigências do egoísmo e amplidão da vaidade pela existência do ego cosmológico.

As crianças vão à creche e aprendem a existir em grupos de semelhantes e de professores. Para proximidade familiar e como recurso pedagógico, a “Tia” aparece: alguém que tem convivência cotidiana, cuidadora e professora, mas não dorme na mesma casa. Proximidade e distância se acotovelam como chuva intermitente em dia de sol. Se a casa e a escola são cursos violentos, se há medo perturbador e insegurança de estar, as crianças logo receberão tais informações e terão, como aprendizado, que o mundo todo [aquele no qual vivem] é de desconfiança agitada e olhos pavorosos, de fobias e espantos.

Desde a origem biológica imatura, recebemos dos outros, como cartas de correios, as informações para vivermos em grupos familiares e escolares, de bairro e comunidade, de trabalho e diversão. As crianças não escolhem a sociedade na qual passarão a viver, mas serão socialmente e psicologicamente formadas como plantas que crescem e têm desejos. O cultivo das pessoas é alimentado pela raiz da cultura que se dará como orientação para tudo que se fará, para as formas de sentir, para as maneiras de agir.

Mas a culpa não é da sociedade. Este é um ato de covardia para atenuar nossa própria responsabilidade com o futuro que se cria e se cultiva todos os dias, em cada ato, em cada medo, em toda parcela de sentimentos... O que fazemos é o que ensinamos. O que queremos é o que desejamos ensinar. Para as crianças, na maioria das vezes, é confuso testemunhar acusações em gritos e palavras de ideais pacifistas.

Para o medo nas escolas é emergencial entregar aos pais, professores e alunos, presenças de segurança, guardas-vigilantes, vigilância eletrônica, portas giratórias, detectores de atrocidades... Para a paz nas escolas é preciso mudar os componentes de fertilização das “novas plantas”, as sensações expostas nas funções musculares da face, o olhar contemplativo da amizade, as condutas de bondade simples.

O desafio é alcançar o ajuste entre o quarto que isola com os abraços que amam. As telas do mundo artificial ou virtual que projetam desejos e escalam imagens de felicidades instantâneas, formatam uma vida de imagem-idealizada-aos-outros [vejam quem eu sou...], sem os dramas dos gritos e acusações, da raiva e do descontrole, do sofrimento e das dificuldades.

Para as crianças é difícil entender como é possível que alguém que elabora palavras de afeição possa agir como um guerreiro em guerra. Para os adultos é difícil aceitar sem desassossego e dor as atrocidades contra a vida de pequenos. Um “teatro do Absurdo”. Senhores gestores e Senhores pais, tudo será paliativo e irresponsável sem o cultivo da paz e da educação sem medo! A Paz se dá por outros caminhos, cheios de curvas, de trajetória longa! É preciso cultivá-la!


Conteúdo Patrocinado


Comentários:

Deixe um comentário:

Somente usuários cadastrados podem postar comentários.

Para fazer seu cadastro, clique aqui.

Se você já é cadastrado, faça login para comentar.

ENQUETE

Você topa encarar a subida da Super Gyro Tower pra ver Balneário Camboriú por outro ângulo?



Hoje nas bancas

Confira a capa de hoje
Folheie o jornal aqui ❯


Especiais

Vítimas esperam indenizações enquanto sócios vivem em imóvel de R$5 milhões

Caso Backer

Vítimas esperam indenizações enquanto sócios vivem em imóvel de R$5 milhões

EUA gastaram milhões para cooptar PF há 20 anos; processo não foi julgado

POLÍCIA FEDERAL

EUA gastaram milhões para cooptar PF há 20 anos; processo não foi julgado

Após avanço no STF sobre reajuste, idosos podem ter derrota para planos de saúde na Câmara

SAÚDE

Após avanço no STF sobre reajuste, idosos podem ter derrota para planos de saúde na Câmara

Vítimas de nudes com IA sofrem em limbo digital enquanto sites lucram: “Me senti abusada”

PERIGO DA IA

Vítimas de nudes com IA sofrem em limbo digital enquanto sites lucram: “Me senti abusada”

Cidades mineiras se preparam para exploração de enorme jazida de terras raras

EXPLORAÇÃO

Cidades mineiras se preparam para exploração de enorme jazida de terras raras



Colunistas

Chiodini vê como natural o MDB como vice de Jorginho

Coluna Acontece SC

Chiodini vê como natural o MDB como vice de Jorginho

Na mira americana

Coluna Esplanada

Na mira americana

Show de Zezé de Camargo em Porto Belo

Charge do Dia

Show de Zezé de Camargo em Porto Belo

O segredo por trás das aposentadorias antecipadas da lei 142/2013: a perícia que muda tudo

Direito na mão

O segredo por trás das aposentadorias antecipadas da lei 142/2013: a perícia que muda tudo

Vitória sofrida

Show de Bola

Vitória sofrida




Blogs

Lixo nas calçadas é problema de todos

Blog do Magru

Lixo nas calçadas é problema de todos

Viralizou

Blog do JC

Viralizou

Nova coluna. Espia!

Blog da Jackie

Nova coluna. Espia!






Jornal Diarinho ©2025 - Todos os direitos reservados.