Colunas


Sequestro de empregos


Caso não se deseje intensificar a criação, em outros países, de milhares de postos de trabalho que seriam gerados no Brasil, colocando nossos trabalhadores e empreendedores como reféns de uma insólita incongruência, é urgente conter o déficit na balança comercial de manufaturados têxteis. Para isso, é crucial a adoção imediata de medidas que aumentem a competitividade sistêmica do Brasil. As prioridades, entre outras, são a redução dos encargos trabalhistas, isenção tributária dos investimentos e desoneração das exportações.

A associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) já encaminhou propostas nesse sentido ao ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. A entidade, que representa 30 mil empresas, empregadoras de 1,7 milhão de pessoas, ou oito milhões, se considerados os postos de trabalho indiretos e os criados pelo efeito renda, está preconizando uma estratégia de defesa comercial, conectada ao resgate de nossa competitividade, a partir da análise consciente do cenário mundial e suas consequências no setor.

As nações desenvolvidas, tradicionalmente grandes importadoras de vestuário, continuam com elevado desemprego e consumidores céticos. Com isto, o aquecido mercado brasileiro tornou-se alvo cobiçadíssimo.

Portanto, o país não pode ficar passivo ante inequívoca concorrência desigual: nações de grande representatividade utilizam mecanismos desequilibradores do comércio, em especial a depreciação de suas moedas. Para mitigar as assimetrias, precisamos ser ágeis em aumentar nossa competitividade interna e estabelecer mecanismos defensivos mais ágeis e eficientes.

Estão equivocados os que imaginam haver riscos de desabastecimento em decorrência das medidas preconizadas pelo governo brasileiro. O setor tem batido recordes de investimentos, que superaram US$ 2 bilhões em 2010. Assim, está apto a atender à demanda interna e exportações. Ademais, não se está defendendo um bloqueio às importações. As ações defensivas objetivam, respeitando as regras da organização Mundial do Comércio, combater a competição desleal e irregular.

Os números históricos evidenciam sua pertinência. Em 2005, o Brasil importava vestuário por US$ 7 FOB o quilo. O valor não tinha paralelo em economias como a dos Estados Unidos e Argentina. Diziam que nossos preços de compra eram mais baixos porque, como país tropical, comprávamos mercadorias mais leves e de menor qualidade. São argumentos irreais. Ações sistemáticas fizeram com que, sem prejuízo do comércio, os preços atingissem hoje os patamares mundiais de US$ 16 FOB o quilo. As importações, contudo, aumentaram muito, chegando a US$ 5 bilhões em 2010, quando o déficit da balança comercial do setor atingiu US$ 3,5 bilhões, significando a não criação de 135 mil empregos diretos.

No contexto da questão cambial e dos problemas de competitividade sistêmica, não têm sido suficientes os nossos diferenciais competitivos civilizados e politicamente corretos, como qualidade, respeito ao meio ambiente, design, tecnologia e novos materiais. A indústria têxtil e de confecção de nosso país é a quinta maior do mundo, podendo chegar ao quarto lugar este ano. O setor não quer benefícios, nem artificialismos anacrônicos. Demanda, apenas, condições equânimes de competitividade, consentâneas com as leis de mercado e respeito ao consumidor.

*Fernando Pimentel é diretor-superintendente da Abit (associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção)


Conteúdo Patrocinado


Comentários:

Deixe um comentário:

Somente usuários cadastrados podem postar comentários.

Para fazer seu cadastro, clique aqui.

Se você já é cadastrado, faça login para comentar.

ENQUETE

Secretaria de Educação de Itajaí está certa em “barrar” o Halloween nas escolas municipais?



Hoje nas bancas

Confira a capa de hoje
Folheie o jornal aqui ❯


Especiais

Entre a polícia e o tráfico, moradoras do Complexo da Penha ficam com os escombros

RIO DE JANEIRO

Entre a polícia e o tráfico, moradoras do Complexo da Penha ficam com os escombros

Inteligência, participação social e coordenação: como combater o crime sem chacinas

CHEGA DE CHACINAS!

Inteligência, participação social e coordenação: como combater o crime sem chacinas

Nascidos no caos climático

NOVA GERAÇÃO

Nascidos no caos climático

Afinal, quanto dinheiro o Brasil recebeu de financiamento climático?

CLIMA

Afinal, quanto dinheiro o Brasil recebeu de financiamento climático?

Boulos substitui Macêdo com desafio de levar temas sociais para Secretaria da Presidência

ESCALA 6X1

Boulos substitui Macêdo com desafio de levar temas sociais para Secretaria da Presidência



Colunistas

Rubens com a faca e o queijo na mão

JotaCê

Rubens com a faca e o queijo na mão

Novembro Azul

Charge do Dia

Novembro Azul

Queridonas

Jackie Rosa

Queridonas

Amanhecer

Clique diário

Amanhecer

Criador e criatura

Via Streaming

Criador e criatura




Blogs

Bolsonarismo sem os Bolsonaros

Blog do Magru

Bolsonarismo sem os Bolsonaros

Zé Carioca

Blog do JC

Zé Carioca



Podcasts

Ventos podem chegar a 80 km/h na região

Ventos podem chegar a 80 km/h na região

Publicado 07/11/2025 16:29





Jornal Diarinho ©2025 - Todos os direitos reservados.